A decisão do Grupo Marfrig em suspender, por tempo indeterminado, as atividades em sua planta em Alegrete a partir de 1 de setembro deixará 680 trabalhadores desempregados. Às vésperas da data, o Sindicato dos Trabalhadores na Indústria da Alimentação de Alegrete (Sindalegrete) expôs a situação ao governo do Estado e pediu auxílio para resolver o impasse. Ontem, os sindicalistas se reuniram, em Porto Alegre, com o secretário-chefe da Casa Civil, Flávio Helmann. Hoje, haverá um encontro com representantes da Secretaria da Agricultura e, na sexta-feira, uma reunião com dirigentes da companhia no Ministério do Trabalho, na Capital.
O presidente do Sindalegrete, Marcos Rosse, lembra que algumas demissões já estão sendo realizadas pelo frigorífico. Nos últimos dias, cerca de 40 funcionários foram desligados. "Seria um caos o fechamento da planta. Mais de 60% dos trabalhadores da indústria alimentícia em Alegrete são ligados ao Grupo Marfrig", afirma. O dirigente lembra que, de segunda a quarta-feira, não houve abates no local. A expectativa é de que haja a retomada da atividade a partir de hoje.
Rosse defende que a escassez de matéria-prima, um dos motivos alegados pela empresa para embasar a decisão, não é verídica. Conforme o presidente, a capacidade de produção varia entre 600 e 800 abates por dia. O contrato de arrendamento do frigorífico vai até novembro, mas a empresa, segundo o sindicalista, pretende estender o acordo até o final de 2015, já que a intenção é retomar a atividade posteriormente. A medida evitaria que outros concorrentes do ramo, que já demonstram interesse em operar a planta, pudessem se instalar no local.
A possibilidade de outra marca assumir o negócio é vista com bons olhos pelo sindicato. No entanto, a preferência é pela manutenção do controle do gestor atual. "Nós não queremos que a Marfrig vá embora. Temos conseguido negociar bons dissídios com eles", justifica Rosse.
Por meio de nota, o Grupo Marfrig apenas manifesta que essa é uma decisão temporária. "Cabe lembrar que, ainda assim, permaneceremos uma das maiores empresas de carne do Estado, com duas fábricas que terão um aumento de produção significativa nos próximos meses. O fechamento da planta é temporário, mas não temos, neste momento, previsão de quando ela será reaberta." O frigorífico acenou com a possibilidade de transferir 100 trabalhadores imediatamente para a unidade de São Gabriel. "Mas eles não apresentaram um projeto claro para essa transferência", enfatiza Rosse.
O governo do Estado promete atuar no sentido de mediar um acordo entre as partes. "A resolução do problema não depende só de nós. Seremos mediadores no processo, assim como fomos no momento de propiciar incentivos (fiscais) para a empresa. Vamos procurar sensibilizá-los para a importância desse empreendimento", diz o secretário-chefe da Casa Civil, Flávio Helmann.
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