quinta-feira, 25 de agosto de 2011

No coração da entressafra...E que entressafra!

Rogério Goulart, administrador de empresas, pecuarista e editor da Carta Pecuária
cartapecuaria@gmail.com
Reprodução permitida desde que citada a fonte
Estamos no meio da entressafra, caro leitor. O que aconteceu com a arroba do boi, a arroba do bezerro, a taxa de reposição e o contrato futuro de outubro por esses tempos? Vamos usar como referência inicial o dia do pior preço da arroba do boi no final de junho.

A arroba do boi saiu de R$ 95,94 para 100,31 hoje.

A arroba do bezerro valia R$ 116,00 e ainda vale os mesmo R$ 116,00.

O bezerro saiu de R$ 740,00 para R$ 734,00 hoje.

A taxa de reposição saiu de 2,14 bezerros/boi para 2,25 bezerros/boi hoje.

O contrato de outubro saiu de R$ 100,35 para R$ 103,18 hoje.

Ou seja, a entressafra está seguindo seu curso, puxando os preços do boi. Está certo que até agora essa puxada é bem abaixo da média histórica, mas também com a enxurrada de bois confinados em Goiás e, pelo que dizem, no Mato Grosso, até que o mercado está se comportando bem.

O destaque vai, então, para a arroba do bezerro. Vejam que os preços não caíram nesses meses. Ela ainda vale ao redor de 116 reais. Curiosamente esse preço — 116 reais — é bem próximo do pico da arroba do boi do ano passado, se lembram?

Não podemos nos esquecer também a tendência do boi encostar no bezerro nas entressafras. “Crise”, “Consumo interno”, “Confinamentos”. O preço da arroba do boi já encostou na arroba do bezerro em qualquer uma dessas ocasiões.

É como se fosse um norte interno do setor, que independe do que está ocorrendo na economia de um modo geral. Não descartaria essa possibilidade esse ano, ainda. Pelo menos até começar a entrar para valer os bois da futura safra.

Observe no primeiro gráfico o que disse. O boi, no seu devido tempo, busca o bezerro. Isso ocorreu todos os anos exceto 09 e 10. Não aconteceu por causa da crise? Pode ser.

Esse ano, até agora, não estamos tendo essa convergência. Ela ocorrerá, mais cedo ou mais tarde. Quanto mais tarde vier, mais forte será o movimento dos preços, em especial o movimento da arroba do boi, se é que a história nos serve de alguma coisa, pois no passado foi isso que ocorreu em vários anos, como você pode ver aqui.

Seguindo em frente, observe o gráfico das semanas de alta e baixa da arroba do boi, ao lado.

Esse gráfico mostra quantas semanas consecutivas a arroba caiu ou subiu com o passar do tempo. Acabamos de fechar a “semana 3” da baixa atual. No passado recente, desde 2010, as baixas normais se estenderam na maioria das vezes até três semanas, podendo ir até 4 semanas.

Na safra desse ano tivemos 5 semanas consecutivas de queda.

Como a queda típica são três semanas, pode-se especular que o mercado “já deu” o que tinha que dar na baixa? Não sei. Vamos olhar o mercado futuro. Normalmente o mercado futuro antecipa as mudanças no mercado físico.

O contrato de outubro está no último gráfico. Observe a forte queda nesses últimos trinta dias. O mercado caiu de 109 reais para os 103 de hoje.

Chama a atenção os pisos crescentes desses meses. Antes o mercado parou no 100 reais. Hoje parou no 103. Interessante, mas pouco informativo para o que a gente quer.

Então, não, o mercado até agora está neutro.

Ele está indeciso. Sobe forte em um dia, cai forte no outro. A semana terminou em alta, o que é positivo, porém esse contrato precisa andar mais um pouco para se tornar novamente atrativo sob o ponto de vista de trava de preços.

Então, caro leitor. Vamos por as barbas de molho. É uma boa notícia estarmos na terceira semana de “queda”. No MS diminuíram os preços de 95 para 94 e depois para 93 reais, porém a notícia que temos é que pelo menos na região de Dourados os preços já voltaram para 95 reais. Talvez a “3ª semana” seja o máximo que essa arroba poderá cair na safra? Veremos.

A oferta concentrada de bois confinados está em plena força. Comentários que em Goiás que essa oferta está no seu pico, agora. Não tive como confirmar isso. Dizem que no MT está cada semana entrando mais bois, também não tive como confirmar isso. Talvez seja verdade, talvez seja apenas os comentários gerais do mercado.

O fato é que há bois confinados suficientes para segurar as cotações? Sim, pelo menos nessas últimas três semanas foi isso que ocorreu.

A virada do mês pode trazer surpresas? Toda virada de mês é boa para a carne. Se estivermos mesmo ao redor do pico dessa fornada de bois confinados, setembro poderá trazer surpresas para a pecuária.

Espero que surpresas boas.

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Nota da Bigma Consultoria: O texto de Rogério Goulart, da Carta Pecuária, publicado nesse espaço, foi resumido e alguns gráficos podem ter sido suprimidos. Acesse a análise completa e com os gráficos no site da Carta Pecuária

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