O preço milho continua sendo uma incógnita (Foto: Ernesto de Souza/Ed. Globo)
Exportações em alta, mercado interno também demandando carne, a urgência de o Brasil fazer a classificação de carcaças, a incógnita do preço do milho no contexto das supersafras anunciadas no Brasil e nos EUA, o “apagão da cria” e a difícil relação do produtor com o frigorífico foram assuntos de intenso debate no seminário Perspectivas para o Agribusiness, realizado ontem em São Paulo.
Fabiano Tito Rosa, do Minerva Foods, disse, em painel sobre as perspectivas da pecuária de corte, que a indústria frigorífica brasileira “está com fome”. Por sinal, números da revista DBO mostram que os preços da arroba no primeiro trimestre não caíram – contrariando previsões – e ficaram pouco abaixo de R$ 100, em São Paulo. Segundo Rosa, o cenário de consumo é promissor e o país deverá colocar no mercado de 7% a 8% de carne a mais neste ano em relação a 2012, que já foi um ano bom.
Os EUA voltaram a crescer, a Europa a respirar e tudo indica que a China, cuja população consome pouca carne bovina, vai passar a comer um bife a mais por semana, o que terá efeito poderoso na oferta, informa Tito. Segundo ele, a desaceleração econômica do gigante asiático – o país crescia 10%, 11% e hoje 7% – não deverá afetar as exportações de commodities agrícolas brasileiras. “O contrário acontecerá com as commodities minerais”, prevê. O executivo lembrou que o Brasil deverá colher 44,8 milhões de toneladas de milho na safrinha, 10% acima do ano passado, enquanto nos EUA, que acabaram de plantar, a safra poderá chegar a 360 milhões de toneladas contra os 274 milhões de 2012. Na visão de Tito, essa montanha de cereal poderá facilitar a vida daqueles que engordam ao tornar mais barata a alimentação do boi. No entanto, avisa, é necessário esperar um pouco mais.
Essas supersafras já estão animando os confinadores. Numa votação aleatória realizada pelos organizadores com os participantes do seminário houve previsão de o país confinar 4,269 milhões de cabeças neste ano. Em 2012, foram 3,8 milhões de animais. Não é nada oficial, porém é animador.
O avanço da agricultura sobre terras de pastagem afeta cada vez mais a atividade de cria. Segundo Tito, a perda de áreas leva a pecuária a deslocar-se para outras fronteiras e tornar mais escassa a oferta de bezerros. Vão fazer muita pressão também as exigências ambientais. “A palavra é tecnologia visando aumento da produtividade em espaços pequenos e garantindo a sustentabilidade”, afirma. Como aconteceu com o leite, a busca pela eficiência vai levar ao enxugamento do número de produtores de carne, na opinião de Tito.
Pecuarista há 45 anos e ex-presidente da Sociedade Rural Brasileira, Flávio Teles de Meneses, no geral, concorda com as opiniões do executivo do Minerva Foods. Ele acrescenta, porém, ser urgente e importante o Brasil fazer a classificação de carcaça do boi para colocar o pé no futuro. “A dona de casa quer comprar carne de qualidade e também o pecuarista eficiente tem direito de receber um prêmio, conforme já é regra nos grandes países produtores de carne”, afirma. Com a palavra os frigoríficos, me disse um pecuarista ao lado…
Meneses acredita que os próximos anos serão confortáveis para o produtor. “O ano de 2014, por exemplo, é de eleições e, historicamente, o consumo sobe.” Ele acredita também que a economia deverá continuar crescendo paulatinamente. O ex-presidente da Rural ressalta que foi a melhora no padrão de vida do brasileiro e o pleno emprego no país que incrementaram o consumo de carne.
Flávio Menezes avisa ainda que pecuaristas, frigoríficos e varejo devem deixar de lado suas pendengas históricas, visto que “as mudanças vem do lado da demanda, ou seja, é o consumidor quem decide”.
fonte: Blog do Tião
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