por Fernando Furtado Velloso
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Com a chegada da temporada de feiras de terneiros no RS, lembro de um dizer de meu avô, Anaurelino Furtado. Sempre que perguntado sobre o que ele criava em Palomas a resposta dele sempre vinha pronta: touros, bois, vacas e terneiros. Era o jeito de ele dizer que era Ciclo Completo e que ali tudo se produzia e tudo se vendia.
Inicio minha coluna com este causo porque entendo que para cada categoria animal pode-se trabalhar a comercialização de forma especializada. O termo marketing vem sendo usado e entendido de forma muito limitada e equivocada. Muitos simplificam marketing em publicidade e as possibilidades são muito mais amplas que simplesmente anunciar. Oferecer um produto que atenda e supere as expectativas do cliente, bem informar sobre as especificações deste produto e buscar retorno da satisfação são formas consistentes de fazer marketing bem feito.
No caso do gado temos muito a explorar em marketing para melhor comercializar os animais e assim melhorar o resultado de nossas operações. A Ufrgs realizou uma pesquisa que mostrou claramente as grandes variações obtidas nos preços de terneiros nas feiras oficiais. O estudo foi muito interessante e demonstrou que há espaço para realizar melhor resultado na venda do terneiro tanto em épocas de baixa quanto de alta. No período avaliado (2004 a 2006) as diferenças em R$ por kg alcançaram 30% entre os melhores e os piores vendidos. As principais características que formaram melhores preços foram as relacionadas à uniformidade dos lotes e aos grupos genéticos (raças e cruzamentos). O comprador está disposto a pagar mais pelo animal de qualidade, mas ele necessita perceber que aquele animal gera valor adicional ao seu sistema de produção.
Na recente Viagem Técnica Beefpoint Texas que participei no início de março, observamos exemplos práticos, reais e que funcionam muito bem nos EUA. Nos leilões de gado comercial (principalmente via TV e internet) são fartas as informações sobre os lotes (idades, pesos mínimos e máximos, tratamentos realizados e certificações). Um caso à parte são os diversos programas de certificações para agregação de valor: Angus Source e Red Angus Certified (para garantir genética Angus nos lotes), Progressive Genetics (garantido o uso de touros, pais superiores), Natural Beef (animais sem uso de hormônios para produção de carne natural) e diferentes protocolos sanitários (garantido um programa de vacinação customizado conforme o propósito: engorda, cria, etc).
No RS já temos algumas ações louváveis como o trabalho diferenciado da Feira de Lavras do Sul (e outras da ANPTC). Nas raças também avançam as certificações Terneiro Angus e Terneiro Hereford. Todavia, temos muito a avançar para construir uma relação comercial entre produtores mais qualificada. A informação do peso do gado é um capítulo à parte e, infelizmente, pouca fé se coloca nas informações de catálogos, pois não temos procedimentos padronizados e são inúmeros os históricos de pesos “ajustados″ para cima. Lamentavelmente esta situação não leva a uma lógica de valor do produto, mas sim de falta de confiança na relação comercial.
Ações para informar mais sobre o produto (referente à sanidade, idade e grupo genético) e para dar mais transparência nas informações sobre os pesos dos animais são simples e podem ser o pontapé inicial para melhorar a venda do que produzimos: touros, bois, vacas e terneiros...
FONTE: FOLHA DO SUL
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