Quando falamos em lavouras de verão não se acha nada anormal gastarmos R$ 1.000,00 ou até R$ 3.000,00 por hectare para produzirmos soja, milho, arroz, porém quando se cogita investir entre R$ 600,00 a R$ 1.000,00 em uma pastagem de inverno não faltam pessimistas para dizer que não se pode gastar tudo isso porque pastagem não dá retorno.
Costumamos ouvir de produtores rurais que pastagens de azevém em resteva de lavoura não precisam ser adubadas, pois as mesmas se utilizam do resíduo da lavoura para produzir. Mas que resíduo é esse quando falamos em super colheitas de soja e arroz, por exemplo, onde os grãos levam quase que a totalidade dos nutrientes que foram adicionados na adubação de base.
O que temos visto é que quando adubamos essa pastagem pós lavoura de verão esta responde de uma maneira bem mais produtiva em relação a que não foi adubada. E a adubação de inverno irá beneficiar também a lavoura de verão, pois a pecuária de corte retira muito pouco da pastagem. A maior parte do que é consumido é devolvido na forma de esterco e urina promovendo a reciclagem dos nutrientes.
Outra situação que encontramos é a de pastagens de azevém formadas a partir do preparo de solo de áreas de campo nativo que também não são adubadas adequadamente porque se torna muito caro. Muitas vezes porque são utilizadas para salvar os animais que estão à beira da morte por falta de alimentação. Com isso ao final da utilização desta pastagem o produtor não vende os animais e acaba não se reembolsando deste custo inicial.
Ocorre que nas duas situações citadas acima, da pastagem pós-lavoura sem adubação, e da pastagem em preparo convencional em área de campo nativo com baixos níveis de adubação, a capacidade de suporte desta pastagem é bastante reduzida fazendo com que se coloquem poucos animais por hectare e no final a conta não fecha, pois a produção de peso vivo é muito aquém dos custos.
Porém quando entendemos que devemos fazer uma adubação adequada conforme se recomenda após uma análise de solo essas pastagens acabam tendo uma ótima produção de matéria seca que promoverá uma alta capacidade de suporte transformando a produção de pasto em kg de peso vivo produzido por hectare, que irão não só custear a pastagem, mas também gerar uma receita líquida variando de R$ 1.000,00 a R$ 2.000,00 por hectare.
A tabela abaixo mostra dois exemplos de pastagens com dois níveis de adubação e a receita esperada dependendo do nível de tecnologia:
Insumos Baixa tecnologia Alta tecnologia
Semente R$ 120,00 R$ 140,00
Adubo R$ 150,00 R$ 210,00
Uréia R$ 60,00 R$ 240,00
Preparo de solo R$ 180,00 R$ 180,00
Distribuição R$ 60,00 R$ 100,00
Desembolso R$ 570,00 R$ 890,00
Produção PV/Ha 300 kg/ha 700 kg/ha
Receita R$ 1.200,00 R$ 2.800,00
Diferença R$ 630,00 R$ 1.910,00
Neste exemplo podemos ver que aumentando os níveis de adubação podemos chegar a uma margem bruta de R$ 1.910,00 por hectare contra R$ 630,00 por hectare com baixa tecnologia. No próximo artigo vamos discutir como manejar esta pastagem, a época de aplicar a uréia, e qual categoria animal podemos utilizar para colher esta pastagem.
Cristiano Costalunga Gotuzzo
Engº Agrônomo
GEOPLAN - Soluções em Agronegócios
(53) 99737724
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