terça-feira, 27 de janeiro de 2015

Cadeia da carne bovina gaúcha: “Trocou o gaiteiro, mas segue o mesmo bugio”


Gostaria de iniciar o ano escrevendo um artigo que levasse ao leitor a uma análise conclusiva sobre determinado assunto, com já fizemos em custos, manejos, dentre outros temas, porém, tenho diversas interrogações sobre o momento da cadeia da carne bovina gaúcha, como: onde estamos? E para onde vamos?
Por um lado temos o boi mais valorizado do Brasil, atualmente, considerando o preço da arroba (15kg de carcaça) em R$145,00, aqui no estado chega a R$153,00, a prazo.
Estamos dentre as praças pecuárias onde tem oligopsônio (pouco número de compradores e grande número de vendedores).
Será que tudo isto se deve a carne de valor agregado?
Por outro lado, as notícias de desativação da planta do Marfrig de Alegrete, mais uma além das de Pelotas e Mato Leitão.
Será que esta faltando boi no Rio Grande do Sul? Ou é uma estratégia de mercado utilizada pela Indústria?
No mercado atual, com a valorização do boi, o frigorífico ganha e a margem aumenta quando o boi está em baixa, e reduz seu ganho ou até mesmo perde quando o boi esta em alta.
O aumento de quase 30% no preço do boi gordo nos últimos 12 meses, não foi repassado completamente para o consumidor, isto mostra que o frigorífico ainda esta absorvendo boa parte deste valor.
Os dados do senso do rebanho bovino do RS mostram pequenas reduções no efetivo que podem estar mais relacionadas a questões de ciclo pecuário, mas empiricamente falando, o pessoal que anda no campo diz que tem menos gado do que quatro anos atrás.
Contudo, as estimativas de rebanho são baseadas nas fichas das inspetorias veterinárias, onde grande parte dos produtores usam lotações maiores que as reais para evitar revisões do INCRA.
O tema “ociosidade de plantas frigoríficas” é muito antigo, anterior ao boom da soja… Na década de 80 e 90 várias indústrias frigoríficas falavam em abetes de 3 dias na semana, intercalavam a parada de plantas, usavam algumas somente para distribuição e/ou desossa.
Esta ociosidade esta relacionada à falta de bois? Ou as plantas foram superdimensionadas para a realidade da pecuária regional, pela utilização modelos americanos em sua criação? Porém, o custo de ter uma planta ociosa é muito alto.
Muitas vezes é questionável a letra “S” do BNDS, no sentido de social. Se o mesmo apoio tivesse sido dado para pequenas e médias indústrias frigoríficas, este impacto, que está sendo sentido por este elo da cadeia, poderia ser minimizado.
Em conversas com diversos amigos nossos que trabalham com intermediações de compra e venda de gado, constatamos que a oferta de reposição está bastante reduzida, e consequentemente valorizada.
Será que não há reposição? Ou o produtor, devido ao verão chuvoso com oferta abundante de pasto, aliado às perspectivas de elevação de preços, estão segurando animais para comercializar mais a frente.
O fechamento desta planta do Marfrig pode impactar no preço do gado gordo? Ou a oferta restrita deve segurar os preços? Haverá impacto na reposição?
Aguardamos respostas no desenrolar dos próximos capítulos.
Eduardo Castilho

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