Reunidas na sexta-feira (08/05) em Maringá para a abertura oficial da Expoingá 2015, as sociedades rurais do Paraná divulgaram um documento em que se colocam contrárias à proposta do Estado de obter isoladamente o certificado de área livre de aftosa sem vacinação.
As entidades apoiariam a proposta somente se o certificado fosse requisitado concomitantemente com Rio Grande do Sul, São Paulo e Mato Grosso do Sul. Santa Catarina já tem esse status há 8 anos.
As sociedades questionam se o Paraná terá condições de realizar o controle necessário das divisas com outros Estados e com o Paraguai e a Argentina. Dizem que as terras paranaenses são muito valorizadas e que manter vacas para cria nelas é uma atividade pouco rentável. Por isso, precisam trazer esses animais de outros Estados, o que será proibido se o Paraná obtiver sozinho o certificado. O documento também refuta o argumento do governo de que os produtores teriam menos gastos se não precisarem vacinar o gado. Segundo as entidades, essa economia é pequena se comparada com o risco de um foco de aftosa.
Na segunda-feira será realizada uma audiência pública na Assembleia Legislativa em Curitiba para discutir o assunto. "Vamos protocolar o documento nesta audiência para que o governo do Estado tenha mais subsídio para tomar uma decisão", afirma o presidente da Sociedade Rural do Paraná (SRP), Moacir Sgarioni. Ele ressalta que o Estado tem 23 postos de fiscalização de divisas e que precisará de uma "logística muito grande" para evitar os riscos de animais entrarem de forma clandestina. "Haverá um alto custo e não teremos garantias", declara.
O pecuarista André Carioba ressalta que o Paraná é deficitário em bezerros, que muitas matrizes vêm do Mato Grosso do Sul. E, com o certificado, esses animais não poderão mais entrar. "Também precisamos saber se o Estado terá condições de fiscalizar as áreas de divisa e o rebanho que vai ficar aqui dentro. Do ponto de vista comercial, tenho dúvida de quanto (o certificado) vai trazer de benefícios. Nossa exportação bovina é muito pequena", afirma.
Se os pecuaristas de corte estão em dúvida sobre as vantagens de ser um território livre de aftosa sem vacinação, os suinocultores são enfáticos na defesa do status. Eles estão de olho no mercado japonês, que exige a certificação e, por isso, só importa de Santa Catarina. O presidente da Associação Paranaense dos Suinocultores (APS), Jacir José Dariva, conta que o Paraná vende carne de porco para a Rússia, que não exige o status, por cerca de R$ 2.700 a tonelada. "O mercado japonês compra por R$ 5.000", declara.
Mas, segundo ele, todo o País ganha com o avanço do status sanitário. "Se nós passarmos a vender para os mercados mais exigentes, outros estados irão atender os menos exigentes", destaca. Dariva lembra que o Paraná é o terceiro maior produtor de carne suína do País e que este mercado tem mais impacto na economia, gerando mais emprego e mais renda, que a bovinocultura.
Já o presidente do Sindicato da Indústria de Carnes (Sindicarne), Péricles Pessoa Salazar, diz ser favorável à obtenção do certificado desde que haja um "corredor para a entrada de gado para engorda" de outros Estados. "Sou contra se não pudermos trazer animais de cria e recria para terminação no Paraná. E também se não puderem vir animais de outros estados para leilões", afirma.
Mas o presidente da Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (Adapar), Inácio Afonso Kroetz, diz que o corredor defendido por Salazar não é viável. "A norma atual (instrução normativa 44) proíbe."
Além de oito sociedades rurais, 17 entidades assinam o documento que é endereçado a Kroetz e ao secretário da Agricultura, Norberto Ortigara. Entre elas, a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec) e associação de criadores de raças como Simental, Charoles, Nelore e Angus.
Fonte: AgroIN
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