quinta-feira, 19 de novembro de 2015

Marfrig tratará ampliação de frigorífico com governo do RS


Retomada em Alegrete deve-se à reabertura de mercados como China e Arábia Saudita. Planta já está credenciada para exportar aos chineses

Representantes da Marfrig vão se reunir nesta quinta-feira, 18, com autoridades do Rio Grande do Sul para tratar de detalhes da ampliação das atividades no frigorífico de Alegrete, no oeste do Rio Grande do Sul. A decisão de operar a unidade em 100% da sua capacidade foi anunciada nesta semana. O frigorífico quase foi fechado no início deste ano por iniciativa da empresa, mas a Justiça interveio, intermediando um acordo que garantiu a manutenção das operações, embora abaixo da capacidade e com número menor de funcionários. Agora, a decisão resultará na reposição das vagas e possivelmente na retomada dos abates diários.
No encontro, a Marfrig poderá trazer à tona outra vez sua pauta de reivindicações. A nova aposta por Alegrete está diretamente associada à recente reabertura de mercados como a China e a Arábia Saudita - a planta em questão tem boa estrutura e já está credenciada para exportar aos chineses. Mas existe a percepção de que a companhia deve aproveitar para pleitear algumas questões junto ao governo gaúcho. Em negociações anteriores, o RS manifestou a disposição de fazer concessões para garantir a manutenção do frigorífico de Alegrete. Já foram discutidas, por exemplo, uma possível redução do ICMS e a implantação de um programa de identificação de origem do rebanho, o que agregaria valor ao produto comercializado pela Marfrig. 
Questionado, o secretário da Agricultura do Rio Grande do Sul, Ernani Polo, disse que o apoio do governo à ampliação das operações em Alegrete diz respeito às questões relativas ao fornecimento de matéria-prima. "Há um envolvimento da nossa equipe técnica no sentido de desenvolver ações para melhorar a produção da pecuária no Estado, melhorar a chegada de matéria-prima para o frigorífico, que sempre foi o ponto crítico apontado por eles". Segundo ele, as ações se concentram principalmente no controle de doenças e no estabelecimento de um protocolo de identificação dos animais.
De acordo com Polo, a reunião desta quinta-feira contará com a presença de membros da secretaria e do governador do Rio Grande do Sul, José Ivo Sartori (PMDB). O presidente do Sindicato Rural de Alegrete, Pedro Píffero, também foi chamado.
Deficitária - Em janeiro de 2015, a Marfrig comunicou a decisão de suspender as atividades em Alegrete, o que resultaria na demissão dos 620 funcionários. A empresa alegava que a unidade estava deficitária e sem perspectivas de mudança no curto e médio prazos. 
Na ocasião, a suspensão foi impedida pelo juiz do Trabalho José Carlos Dal Ri, de Alegrete, até que houvesse um acordo entre o frigorífico e o sindicato da categoria. Sob mediação do Tribunal Regional do Trabalho (TRT) do RS, a Marfrig decidiu então manter 300 funcionários da unidade por pelo menos um ano, além de realocar até 120 empregados em outros frigoríficos no Estado - a companhia mantém unidades em Bagé e São Gabriel. 
Desde então, a Marfrig vem operando em Alegrete praticamente apenas com desossa. Agora, segundo Píffero, do Sindicato Rural de Alegrete, o objetivo é reintroduzir os abates, primeiro três vezes por semana e depois diariamente. Ele afirma que as recontratações já começaram. "Pelo que sabemos, a ideia é chegar a 700 funcionários, mais do que havia antes", falou. 
Segundo ele, o processo caminha bem. O único ponto de preocupação é uma antiga reivindicação da Marfrig para limitar a saída de gado em pé - que é o envio de terneiros para serem engordados e abatidos em outros Estados. "O produtor era totalmente contra esta proposta e continua sendo contra", disse, citando que em 2014 foram abatidos 2 milhões de cabeças no RS, enquanto saíram do Estado, para abate fora, aproximadamente 48 mil.
Fonte: ESTADÃO CONTEÚDO

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