O fim das “retenções” (taxação média de 30% nas exportações argentinas), prometido por Macri, estimulará a retomada de plantas fechadas, bem como possíveis negócios das companhias
O Presidente do Conselho Superior do Agronegócio da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Cosag/Fiesp), João Sampaio, avaliou na segunda-feira, 23, que a eleição de Mauricio Macri como novo presidente da Argentina deve favorecer futuros negócios da indústria brasileira de carnes naquele País. Segundo ele, o fim das “retenções” (taxação média de 30% nas exportações argentinas), prometido por Macri, estimulará a retomada de plantas fechadas, bem como possíveis negócios das companhias. Fontes do setor apontam que a Minerva Foods teria interesse em aquisições de unidades na Argentina, o Mafrig pretende vender plantas e ainda o JBS pode retomar processadoras paralisadas após as exportações serem prejudicadas pelas “retenções”. Apesar de ter um status sanitário parecido com o Brasil e não agregar valor como o Uruguai – que exporta há tempos para Estados Unidos e China -, a Argentina é vista como estratégica pelas companhias do setor por ter acesso a importantes mercados na Europa. Segundo Sampaio, o Brasil não deve perder mercado para os argentinos no setor de proteína animal, por conta do volume pequeno de exportações do país vizinho, mas o impacto no setor de soja pode ser significativo. Para se protegerem da taxação, sojicultores argentinos passaram a estocar o grão na expectativa do fim das retenções, promessa de campanha de Macri e do adversário derrotado, Daniel Scioli. Caso a taxação caia, a expectativa é de aumento nas exportações de soja da Argentina, o que pode empurrar o preço para baixo da commodity e aumentar a competição com o produto brasileiro. Para Sampaio, no geral, o agronegócio da Argentina deve retomar a competitividade internacional com o novo governo. “Se Macri seguir o que falou, vai mudar parte significativa da economia, ampliar as exportações com a eliminação das retenções e melhorar a competitividade”, afirmou o Presidente do Cosag/Fiesp, que esteve reunido há uma semana com representantes do setor na Argentina e observou um clima “de euforia” entre os ruralistas com a iminente vitória de Macri, confirmada neste domingo.
Estadão Conteúdo
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