Caso protocolo seja aprovado pela UE, país poderá vender cortes premium de carne bovina à Europa sem ser tarifado
Alisson Freitas
Depois de atingir quase 100% dos embarques da Cota Hilton, o Brasil está perto de alcançar outra importante fatia de mercado para exportações de carne bovina in natura à Europa. No fim de junho, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) validou o protocolo de acesso à Cota 481, que contempla cortes de alto valor agregado, e aguarda resposta da União Europeia.
O documento foi elaborado pela Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec) e Associação Nacional dos Confinadores (Assocon) em parceria com a Confederação Nacional de Agricultura (CNA). “O documento está robusto e acreditamos que será aceito pela comunidade europeia”, destaca Eduardo Moura, presidente da Assocon.
A possível aprovação abre uma nova frente de negócios no exterior para os pecuaristas brasileiros. Diferente do que acontece com a Hilton, que exige animais alimentados exclusivamente a pasto, a Cota 481 prevê a exportação de carne procedente de bovinos terminados em confinamento. Os animais devem ser abatidos até os 30 meses de idade após serem alimentados nos últimos 100 dias com dieta de alta densidade energética, com 62% de grãos concentrados. Além disso, a grande vantagem é que ela não é tarifada, enquanto a Hilton cobra 20% de imposto sobre a exportação.
Oportunidades à vista – As exigências da UE não devem trazer grandes problemas aos pecuaristas brasileiros. Atualmente a idade média de abates do país é de 27 meses e o percentual de grãos no concentrado na ração dos animais em confinamento é de 60%.
“É importante abrirmos novas frentes para a carne brasileira no exterior. Nós sabemos da qualidade do que produzimos, mas é necessário mostrar isso para o mundo com acesso a mercados exigentes”, diz Antônio Pitangui de Salvo, presidente do comitê de pecuária de corte da CNA.
Outro benefício da 481 é que não existe uma quantidade estipulada de carne que cada região pode exportar. A cota contempla o volume de 48,2 milhões de toneladas que pode ser acessado por qualquer um dos países habilitados. “Todos são livres para enviar a quantidade de carne que conseguir. Ou seja, quem chegar primeiro leva”, pontua Marcio Caparroz, diretor Institucional da Assocon.
Também chamada de High Quality Beef (Carne de Alta Qualidade), a Cota 481 foi criada em 2009 como forma de compensação aos Estados Unidos, após a vitória do país no painel contencioso dos hormônios na Organização Mundial do Comércio (OMC) e foi aberta a outros países.
Além dos americanos, Austrália, Argentina, Canadá e Uruguai também têm acesso à cota. No último ano, os uruguaios venderam 11.432 toneladas de carne para Europa na cota 481, de acordo com dados do Instituto Nacional de Carnes do Uruguai (Inac). Em 2009, o Brasil já fez uma proposta à União Europeia para entrar na Cota 481, mas ela não foi aceita.
Fonte: Portal DBO
Nenhum comentário:
Postar um comentário