terça-feira, 5 de setembro de 2017
Carne gaúcha encara desafio da conservação do Pampa e diferenciação no mercado
Carne gaúcha encara desafio da conservação do Pampa e diferenciação no mercado
Elen, da Embrapa, e Marcelo, da Alianza del Pastizal, destacaram ações para resgate da pecuária
MARCELO G. RIBEIRO/JC Patrícia Comunello
Os desafios da pecuária gaúcha envolvem desde a produção - como aliar atributos de alimentação natural do pasto nativo e a demanda por carne -, à pesquisa e desenvolvimento de sistemas de produção que possam levar ao mercado um produto diferenciado. Estas condições foram avaliadas por dois especialistas no setor que atuam em etapas cruciais da cadeia produtiva e que participaram de um bate-papo no programa de webvídeo da Casa JC, na Expointer, Leite com Café. O coordenador da Alianza del Pastizal, que levou este ano o trofeu do Jornal do Comércio O Futuro da Terra, o agrônomo Marcelo Fett Pinto, e Elen Nalério, pesquisadora da Embrapa Pecuária Sul, destacaram as características que marcam a produção gaúcha, que combina cada vez mais raças e busca por equilíbrio entre o uso de recursos naturais e processos produtivos. A Alianza reúne mais de cem produtores de gado de corte e resgata a conservação do campo nativo e uso da pastagem natural. Pelo programa que também é seguido em outros países do Mercosul, adota-se como regras o suprimento das necessidades alimentares dos animais em pelo menos 50% de pasto nativo. Não é admitido uso de confinamento em qualquer etapa daprodução.
"O pré-requisito é estar no Bioma Pampa, mantenha metade da área natural e ausência de confinamento", explica o agrônomo, justificando que não adotar confinamento atende à requisitos de qualidade da carne. "Já manter o gado em áreas nativas é reforçar o vínculo direto com a conservação da natureza que forjou a cultura do gaúcho", ressalta Pinto. Hoje a carne dos animais abatidos no projeto estão na rede Carrefour, com a parceria com a Marfrig, que tem o abate exclusivo a partir de acordo com a rede da Pastizal. "A carne está em lojas padrão AA em São Paulo", comemora o agrônomo. A pesquisadora da Embrapa Pecuária Sul em Bagé observa que o impacto do sistema produtivo é amplo. Por exemplo, a criação a pasto gera uma condição mais natural e próximo do que os animais querem estar. "O animal criado a pasto está em melhor condição de bem-estar, mas, claro, que é preciso ter a disponibilidade de comida". Para complementar a alimentação, pode-se ter oferta de pastagem cultivada e até suplementação a campo, diz. Os diferentes sistemas produtivos e as pastagens imprimem características na carne, desde teor de gordura como o perfil de ácidos graxos, esclarece Elen, lembrando que, na Embrapa, em Bagé, existe laboratório que faz a degustação da carne, como se faz como café e vinho. A pesquisadora comenta que uma iniciativa na edição deste ano na Expointer foi unir a empresa de pesquisa no Salão do Empreendedor, com outros organismos - como Sebrae, Senar e Sistema Senac para mostrar tecnologias e as diferenciações da carne gaúcha, como ocorre também com outros rebanhos e que atendem a paladares próprios em cada cultura. "A carne que as pessoas mais gostam é aquela produzida próxima de onde elas vivem." Os dois convidados rechaçaram ainda a ideia de que o Rio Grande do Sul tem a melhor carne do mundo, conceito que já foi slogan de um programa estadual que uniu governo e setores produtivos para tentar promover e abrir mercado ao produto no exterior e que acabou não vingando. "É um termo de certa forma errôneo, ela (a carne) é diferente", reage Elen. "Ninguém é melhor do que ninguém, todos são diferentes", arremata o agrônomo. Pinto diz que o produtor "é um herói e oferece um produto de alta qualidade e ainda conserva o meio ambiente".
Poema recitado por Marcelo Fett Pinto ao final do Leite com Café: É luxo para um campeiro estar na paz do ranchito Com a alma no infinito, e o coração junto a Deus Estar ao redor dos seus e junto de um fogo grande A fumaça que se expande, com aroma de espinilho, Traz o gosto de um novilho dos pastiçais do Rio Grande Autor: Diego Guterres, engenheiro agrônomo - Jornal do Comércio
Postado por
Eduardo Lund / Lund Negócios
às
00:01
Enviar por e-mailPostar no blog!Compartilhar no XCompartilhar no FacebookCompartilhar com o Pinterest
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário