segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Cria ou gancho?

Na cria, as vacas são o meio de produção da atividade. Também são um ativo de alta liquidez, que pode ser convertido em dinheiro, ao serem mandadas para o gancho.

Quando o criador vê a rentabilidade encurtar, diante de cotações deprimidads para o bezerro, ele vende parte das fêmeas, para compor caixa, uma vez que a venda da bezerrada não é suficiente para suprir o fluxo de caixa.



Os resultados dos abates nos dois primeiros trimestres deste ano, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), foram de aumento na participação de fêmeas nos abates.

Elas compuseram, respectivamente, 42,0% e 41,4% dos abates nos dois primeiros trimestres. Aumentos de 4,3 e 6,4 pontos percentuais, em relação aos mesmos períodos de 2010. Figura 2.



Houve uma inversão na tendência de retenção de fêmeas que começou em 2007, pelo menos em relação aos primeiros semestres.

Aumento do abate de fêmeas no primeiro trimestre em função do descarte de vacas e novilhas vazias, provenientes do final da estação de monta, é corriqueiro. Mas, no segundo trimestre, o aumento do abate de fêmeas já não pode ser creditado a isto. Também está descartada a questão da cotação do bezerro ou da queda de preço do boi gordo. Desta vez o aumento de participação deve estar conectado aos preços atrativos das fêmeas.

De 1997 a 2010, a correlação entre as participações de fêmeas nos abates nos primeiros semestres e nos totais anuais foi de 0,97. Valores mais próximos a 1 indicam forte correlação entre as séries.

Ou seja, se a participação aumentou nos primeiros seis meses, a tendência é que encerre o ano com situação semelhante.

Possíveis causas do atual abate de matrizes

O preço médio do bezerro de ano em São Paulo está 1,3% maior que no mesmo período do ano passado em valores nominais. Descontando a inflação, medida pelo IGP-DI, houve queda de 4,7%.

De toda forma, esse fato não parece ser a causa da maior participação de fêmeas nos abates. Outro fator que pesa na escolha da manutenção ou venda das fêmeas é a própria cotação destas.

A relação entre os preços do boi e vaca gordos também estão ligados ao abate de fêmeas, apesar de ser difícil estabelecermos o que é a causa e o que é consequência. Veja a figura 3.



A última vez em que a diferença entre o preço de machos e fêmeas esteve tão próxima foi em 2002 e 2003, períodos a partir do qual os abates de vacas também aumentaram, ou seja, o diferencial boi/vaca menor que nos últimos anos também pode estar pesando na opção do criador.

Outro ponto que merece destaque é o volume menor de machos abatidos no primeiro semestre.

Foram 7,15 milhões de bois abatidos sob algum tipo de inspeção, ante 8,04 milhões nos primeiros seis meses de 2010, recuo de 11,1%.

No mesmo período os abates de fêmeas aumentaram 11,7%.

O abate de fêmeas aumentou, mas o recuo nas vendas de machos intensificou o aumento na participação de vacas no total.

Expectativas

Apesar do sinal de atenção enviado pelos abates de fêmeas, o mercado do boi gordo não dá sinais de excesso de oferta.

No mercado de sêmen, tourinhos e insumos para reprodução, o bom volume de vendas indica que está havendo investimento na cria.

Apesar de ter aumentado a participação de fêmeas nos abates do primeiro semestre, o volume de fêmeas disponíveis para reprodução é grande, fato confirmado também pelo crescimento do rebanho nos últimos anos.

FONTE: SCOT CONSULTORIA

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