A notícia da morte de uma fêmea bovina no Paraná em 2010, divulgada no último dia 6, que continha o príon, agente patogênico da "vaca louca", a encefalopatia espongiforme bovina (EEB), tumultuou os mercados interno e externo. Vale ressaltar que, de acordo com o Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (Mapa), não houve manifestação clínica da doença e, muito menos, esta foi a causa de morte do animal. Segundo o ministério, o país não tem o mal da “vaca louca”. Um caso semelhante ocorreu nos Estados Unidos recentemente, sem grandes prejuízos ou disseminação da doença.
“Trata-se, portanto, de um caso antigo e o episódio não reflete risco algum à saúde pública ou à sanidade animal, já que o bovino não morreu em função da doença”, explica a gerente técnica da Informa Economics FNP, Nadia Alcantara. No mesmo dia, em comunicado oficial, a Organização Mundial de Saúde Animal (OIE, na sigla em inglês) manteve a classificação do Brasil como país de risco “insignificante” para EEB.
O Brasil nunca registrou casos de “vaca louca”, pois, além de ter a maior parte do seu rebanho criado a pasto, aplica medidas recomendadas internacionalmente de vigilância e de mitigação de risco, no intervalo mínimo solicitado pela OIE. Nos últimos anos, também não houve nenhuma importação de bovinos vivos ou de farinha de ruminantes de países considerados de risco para a doença.
Em maio deste ano, a OIE anunciou a mudança de status do Brasil para a doença da vaca louca, passando de risco “controlado” para “insignificante”, integrando um grupo seleto de 15 países.
Pressão nos preços
Mas, por mais que este caso não tenha grandes impactos sanitários, ele não deve impedir que os importadores pressionem os brasileiros por preços mais baixos pela carne nacional. E, mesmo que ainda nenhum importador de peso tenha restringido a carne bovina brasileira em seus mercados, o Ministério da Agricultura e os frigoríficos não escondem suas preocupações, principalmente com relação à Rússia, ao Irã e ao Egito.
No dia 10, o Japão suspendeu provisoriamente as importações de produtos de carne do Brasil, apenas por alguns dias, até que seus técnicos avaliem o caso. Na carona com o Japão, China e África do Sul também barraram os embarques brasileiros temporariamente. “O impacto não será significativo porque esses mercados compram um volume muito pequeno de carne bovina brasileira”, diz Alcantara. “O que nos preocupa é a imagem do país lá fora”, acrescenta. O Mapa afirmou estar articulado para esclarecer o ocorrido aos importadores. Na próxima semana, o secretário de Defesa Agropecuária do Ministério, Ênio Marques, viaja para Genebra, na Suíça, onde se reunirá com diplomatas brasileiros que atuam junto à Organização Mundial de Comércio (OMC), para repassar informações sobre a constatação da presença do príon.
Na avaliação da FNP, alguns parceiros comerciais utilizam esse episódio para derrubar os preços. No entanto, não é fácil conseguir o produto de outros lugares, já que o mercado internacional está bem ajustado. “Os grandes fornecedores de carne bovina, os norte-americanos e australianos, foram penalizados por problemas climáticos, o que deixa o Brasil mais competitivo”, pondera Alcantara.
História
A doença da "vaca louca" é uma infecção degenerativa do sistema central dos bovinos que começou no Reino Unido, identificada pela primeira vez em 1986, em decorrência do uso de farinhas feitas a partir de restos animais na alimentação dos bovinos, e provocou no homem uma variante da doença, a síndrome de Creutzfeldt-Jakob, causando dezenas de mortes na Europa. Em 1992, houve 36 mil casos diagnosticados do mal na Grã-Bretanha, o auge de uma epidemia da doença no país. Vinte e nove casos foram diagnosticados em todo o mundo em 2011, segundo o American Meat Institute. Geralmente, a doença aparece mais tarde na vida e tem um curso rápido, de acordo com o National Institutes of Health.
Conforme o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA, na sigla em inglês), não há nenhuma evidência científica que sugira que leite e produtos lácteos carreguem o agente causador da EEB. Além disso, carne de músculo não contaminada, como bifes, carne moída e outros produtos, são considerados seguros
FONTE: FNP
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