segunda-feira, 11 de março de 2013

Abate de fêmeas produz queda de 2% no rebanho de MT



Aumento do custo de produção e redução no preço da arroba do boi leva criadores a investir apenas na recria e engorda

A pecuária de Mato Grosso fechou o ano de 2012 com custos de produção superiores aos preços pagos pela arroba do boi. Este é um dos motivos que está levando o criador mato-grossense a matar as fêmeas e, consequentemente diminuir o rebanho do estado. A média de redução tem atingido cerca de 2% ao ano.

O superintendente da Associação de Criadores do Estado de Mato Grosso (Acrimat), Luciano Vacari explica que nos últimos 12 meses o preço da arroba do boi teve uma redução de 9%. "Neste mesmo período o custo de produção aumentou em média 5%. Ninguém consegue fazer melhoramento genético e aplicar novas tecnologias sem renda".

Dificuldade de acesso ao crédito, alto custo de grãos, aumento no preço da mão de obra, logística para transportar o animal até o frigorífico, situações ambiental, fundiária e vários outros fatores também influenciam na renda do pecuarista. O Criador Luis Antônio Felippe reclama que com todas essas dificuldades é difícil fazer investimentos.

Para o pecuarista Wallace Antunes foi a analise desta relação custo de produção e rentabilidade que fez com que ele deixasse de investir na cria. "A recria e engorda nos rende de 8% a 10% a mais que a cria". Ele diz ainda que o custo da bezerra com até 10 meses chega a ser de R$ 500. Já um macho com a mesma idade custa cerca de R$ 700. "Mesmo com essa diferença de valores o abate de fêmeas está compensando".

Com um rebanho de cerca de 3.300, na região de Cáceres, Wallace conta que pelo menos 40% do gado que engordas em sua propriedade são fêmeas. "Também usamos o confinamento para terminar esses animais, ou seja, buscamos todo tipo de alternativa para ampliar nossa renda".

Na média estadual, 47% dos animais enviados aos frigoríficos foram vacas em 2012. Isso equivale a cerca de 2.3 milhões de cabeças abatidas de janeiro a novembro do ano passado. Em algumas regiões esse percentual foi ainda maior, ou seja, no Noroeste de Mato Grosso chegou a 56%.

Esse abate de vacas que está ocorrendo nos últimos tempos será sentido daqui a dois anos. A tendência é que a oferta de bezerros seja bem menor e com isso o custo para repor os animais no pasto irá aumentar. O superintende da Acrimat explica que o produtor está sem alternativa e, por isso está abatendo fêmeas. "Quando não se tem renda a alternativa é se desfazer do estoque que para o pecuarista é a fêmea".

A oferta e o custo da arroba magra da fêmea tem sido interessante em relação ao preço final da arroba da vaca, já o macho tem tido um ágio muito significativo. "Apesar da conversão alimentar do macho ser bem superior, esse favorecimento do custo da arroba magra da fêmea tem nos optado a fazer a recria da engorda da fêmea", enfatiza Wallace.


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