quinta-feira, 14 de março de 2013

O Fantástico gol contra: foi um gol de anjo, verdadeiro gol de placa

por Fernando Furtado Velloso
ffvelloso@assessoriaagropecuaria.com.br

Retornei de uma viagem técnica aos EUA neste domingo e vim com a mala cheia de assuntos para compartilhar nesta coluna, mas o programa Fantástico é insuperável e me aplicou uma bola nas costas.  Impossível ignorar a longa matéria veiculada, neste último domingo, contra a pecuária e a carne brasileiras.
Durante 12 minutos, o Fantástico mostrou e falou de: carne de gado no meio de cachorros e porcos, funcionários de frigoríficos sem camisa e sem higiene, uso de machados ao invés de equipamentos apropriados, ratos, insetos, poças de água suja, estercos de ratos, e por aí ladeira abaixo. Até o RS entrou no baile, e foi citado um frigorífico de Lavras do Sul, onde estão porcos criados no pátio do matadouro para fechar um ciclo de carne suja sendo alimento para mais carne suja. Para mais esclarecimentos ou pavor, ainda listaram-se as doenças com possível transmissão pela carne não inspecionada: Cisticercose, Listeriose, Toxoplasmose e Tuberculose.
O programa destacou que o Brasil tem um dos maiores rebanhos bovino do mundo e é hoje o líder em exportações de carne bovina. Mesmo ciente do impacto negativo da matéria seguiu jogando contra o patrimônio (como se diz no futebol). Depois da recente crise para o mercado da carne brasileira em relação ao caso da Vaca Louca no Paraná e dos permanentes embates com a Rússia, a matéria veio para colocar a cereja no bolo (deles).
A falta de imparcialidade do programa é comprovada pela fonte de informação usada, a ONG Amigos da Terra, e a estimativa de abates inapropriados informados por esta má fonte foi usada como base para toda a matéria. E assim chegou-se a conclusão que 1/3 da carne brasileira vem da boca do lixo. Para não ser injusto nesta crítica devo informar que, dos 12 minutos de programa, um minuto foi dado para mostrar situações corretas de boas empresas (bem proporcional no uso do tempo).
Sabemos das deficiências de nosso serviço oficial, especialmente nas pequenas indústrias com inspeção municipal ou estadual, mas o retrato mostrado no programa não é a realidade da maioria do gado abatido, especialmente no RS. O trabalho que está se desenvolvendo para o Sisbi prevê, simplificadamente, que indústrias com inspeção estadual terão status de SIF. Este é um tema sério e que deve ser mais discutido por nosso setor, pois o Sisbi pode nos levar a um cenário de mais falta de credibilidade.
Enquanto isso, na América, conhecemos o sistema de Classificação de Carcaças USDA, onde todos os abates são avaliados por um técnico do Departamento de Agricultura americano. Com auxílio de tecnologia de imagem (VideoScan), as carcaças são classificadas pelo serviço oficial e o produtor remunerado pela qualidade do produto. A questão sanitária é tão óbvia e básica que nem é discutida mais.
Voltamos à necessidade de melhor trabalhar setorialmente a produção de carne e a defesa de nossa atividade. De outra forma, ficaremos na postura de "azar do goleiro", mas o time é nosso. 
FONTE: FOLHA DO SUL

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