Dentro ou fora de casa?
Um novo embate se desenha no horizonte da produção gaúcha: restringir ou não a venda de gado em pé para outros Estados ou países. O envio de animais vivos para posterior abate fora do Rio Grande do Sul voltou à tona em reunião de um grupo de entidades, entre as quais o Sindicato da Indústria de Carnes e Derivados do Estado (Sicadergs), com o secretário de Agricultura, Luiz Fernando Mainardi.
Nos últimos cinco anos, a exportação de gado em pé cresceu 197% e as vendas interestaduais, 297%, conforme dados da secretaria. Preocupado com o avanço desse tipo de negociação, o grupo entende que há necessidade de intervenção do governo. Entre as propostas apresentadas, a taxação de R$ 50 por cabeça negociada com compradores externos. Conforme Ronei Lauxen, presidente do Sicadergs, a venda de animais vivos agrava a ociosidade dos frigoríficos gaúchos, hoje em 35%. A oferta anual – entre 1,7 milhão e 1,8 milhão de animais – fica aquém da demanda de 2,5 milhões de cabeças e faz com seja necessário comprar carne de outros Estados, argumenta Lauxen.
– Não é só a indústria que perde. Esse tipo de negociação é um tiro no pé do produtor– observa.
Do outro lado, o argumento a favor dessa negociação é a melhor remuneração – o principal destino tem sido São Paulo, onde terneiros e animais jovens são levados a confinamento e abastecem linhas premium de carne. Fernando Velloso, da FF Velloso & Dimas Assessoria Agropecuária e integrante da câmara setorial da carne, acrescenta outra vantagem: ao vender o animal nesta fase, o produtor escapa do período mais caro da etapa de engorda.
– A lógica não deveria ser a da taxação. Deveria ser como fazer, então, para impedir que o produto saia – opina Velloso.
Agora, Mainardi ouvirá o que tem a dizer a Federação da Agricultura do Estado (Farsul). Depois, levará o assunto a outras secretarias para só então definir a posição do governo sobre o tema. Vai ser peleia das grandes.
Fonte: INFORME RURAL | GISELE LOEBLEIN (ZERO HORA)
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