Crédito: Divulgação/FS
por Fernando Furtado Velloso
ffvelloso@assessoriaagropecuaria.com.br
Em 2010, li uma série de reportagens sobre o projeto do Uruguai em alcançar a produção anual de 3 milhões de bovinos abatidos. Na época, aquele país abatia algo em torno de 2,3 milhões de reses. Chamou-me a atenção o fato de a pecuária de nosso vizinho contar com uma meta tão clara e tão bem discutida. Claras eram as justificativas para definir este objetivo, claro era o cenário de produção pecuária naquele momento (estoque, indicadores produtivos, etc) e claras eram as mudanças necessárias para se alcançar a meta (nível de intensificação dos sistemas de produção, melhorias nos indicadores técnicos, etc).
Revisando novamente dados sobre a pecuária do Uruguai, me debrucei nos relatórios do INAC (Instituto Nacional da Carne) e novamente fiquei entusiasmado em ver como o país produz informações sobre a pecuária e o mercado da carne. A informação liberada pelo INAC é um relatório estatístico mensal de abate, preços e exportação. Infelizmente, no Brasil e no RS, temos dificuldade de acessar informações oficiais de qualidade ao término de um ano. A indústria (frigorífico) busca nas melhores consultorias informações de mercado, tendências, análises, etc. A informação que deveria ser produzida pelo setor, passou a ser fornecida por empresas particulares, que, com competência, analisam o mercado com os dados disponíveis e com os não disponíveis também. Mas, para ter acesso a esta informação, deve-se pagar.
Voltando ao assunto dos 3 milhões, é bem verdade que o Uruguai ainda está longe deste número de abate. No meio do caminho a soja ocupou muito espaço do gado. Só em 2011 e 2012 foram exportado quase meio milhão de bovinos vivos. Tudo isso e muito mais afetou o caminho da meta. De qualquer forma, sigo valorizando o fato do país ter uma meta, discutir abertamente os rumos da pecuária e, acima de tudo, fazer a discussão setorial e tentar coordenação setorial através de informação de qualidade e disponível para todos. Fica a reflexão para o RS: porque não podemos fazer o mesmo?
FONTE FOLHA DO SUL
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