quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

Adoção do critério de peso vivo para comercialização dos animais – Veja a opinião de Renato Galindo, do Marfrig

Visando esclarecer alguns empasses quanto aos questionamentos levantados sobre o relacionamento entre produtores e frigoríficos, com ênfase no rendimento de carcaça, e visando compartilhar conhecimento, o BeefPoint convidou em agosto de 2013 o pesquisador científico da APTA Regional Alta Mogiana (Colina/SP), Flávio Dutra de Resende, para escrever um artigo técnico-científico, com base em seu conhecimento e experimentos já realizados. Clique e confira o artigo na íntegra:
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Em 2014, para complementar os esclarecimentos sobre dúvidas relacionadas à comercialização de bovinos de corte e consequente satisfação dos pecuaristas, quanto ao relacionamento entre produtores e frigoríficos, o BeefPoint reuniu diversas opiniões, de profissionais relacionados a pecuária de corte, desde produtores, profissionais da indústria frigorífica, da carne, insumos e sanidade, à produtores; de forma a esclarecer outro questionamento levantado pela nossa equipe:
Adoção do critério de peso vivo para comercialização dos animais
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Nos próximos dias, iremos publicar estas opiniões. Assim, confira a série, com 9 artigos, que o BeefPoint elaborou especialmente para você!
Confira o primeiro artigo da série:
Por Renato Galindo, gerente de Linhas Especiais do Grupo Marfrig
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Esse talvez seja um dos temas mais relevantes e polêmicos na relação produtor e indústria, também amplamente discutido ano após ano entre produtores, associações de classes, frigoríficos e técnicos.
Creio que o maior problema esteja entre linha tênue que divide a confiança no relacionamento comercial e as inúmeras variáveis que influenciam o rendimento de carcaças.
Seguem alguns exemplos:
  • Estado corporal da boiada: se temos um boi maduro de pasto, crioulo da propriedade e pronto para abate antes do inverno, teremos excelentes rendimentos de carcaça x peso vivo. Se vem a brota do capim pós seca, é um resultado totalmente diferente para o mesmo animal, se tem boa mineralização ou falta dela, etc. Tempo de confinamento, dieta, chuvas, pesar cedinho ou a tarde também exercem variações significativas de rendimento.
  • Quantidade de animais por embarque e apartação: uma situação é fechar um lote só de 40 ou 60 animais, pesar e carregar. Outra totalmente diferente é colocar grandes lotes num curral, fazer diversas apartações e depois pesar, nessa segunda hipótese teremos um rendimento melhor fictício, devido ao jejum e manejo no curral por mais tempo antes da pesagem.
  • Diversidade de animais: como combinar % rendimento entre boi castrado x inteiro, raça zebuína x europeia e suas cruzas, novilha x vaca adulta, vazia x gestante?
  • Balanças de fazenda x balanção da cidade: um animal fechado cedo e pesado imediatamente terá um peso vivo superior do que outro submetido a embarque em caminhão e pesagem em balanção na cidade, sem falar em distância da propriedade até o balanção.
  • Quantidade de lotes por dia de abate: do lado da indústria, como viabilizar uma operação de peso vivo se a cada dia uma unidade de abate tradicional tem entre 10 e 25 lotes de diferentes propriedades? Quantas equipes treinadas e de extrema confiança seriam necessárias? Qual o custo disso? De onde sairiam os recursos, do rendimento ou do preço da @?
Poderíamos enumerar muitos outros exemplos de dificuldades numa operação dessas em grande escala. Mas o fato em si é que toda a polêmica gira em torno da confiança (ou a falta dela), pois a única forma de premiar genética, acabamento, eficiência no campo é analisando cada carcaça, e isso só é possível na balança do final do abate.
Assim como uma carcaça fraca não deveria ser remunerada como normal, e sim penalizada.
“Nuestros Hermanos Argentinos” apesar da lastimável situação do agronegócio atual, ainda mantém hábitos interessantes na comercialização de gado e carne. Se o produtor quiser vender no peso vivo há empresas consignatárias que compram mediante um desconto (desbaste) de 5% sobre o peso bruto e depois revendem aos frigoríficos no peso morto, essa diferença de rendimento (obviamente saindo do custo do produtor) mantém o negócio das consignatárias. Além disso vacas descarte e touros são negociados à preços de conserva (50% do valor do mercado), e os frigoríficos destinam essa carne somente para industrialização, não chega nas gondolas dos açougues.
Acreditamos que o melhor caminho são as alianças, a participação em programas de qualidade e premiação. Um exemplo de sucesso, é o Programa Fomento Angus Marfrig onde desde 2008 o produtor é premiado por qualidade, genética tanto para bezerros e garrotes, quanto em animais acabados no frigorífico.
A base de qualquer relação de compra e venda é a confiança, pois quem perdeu a confiança não tem mais o que perder.
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Série de artigos elaborada pela Equipe de Conteúdo do BeefPoint, Flaviane Afonso e Gustavo Freitas.

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