domingo, 24 de agosto de 2014

Câmara setorial ouve manifestação do Marfrig sobre paralisação da unidade de Alegrete

A Câmara Setorial da Carne Bovina da Secretaria da Agricultura do Rio Grande do Sul ouviu, na última quarta-feira, o diretor regional do grupo Marfrig, Rui Mendonça. Conforme a coordenadora Anna Suñe a reunião foi uma possibilidade de ouvir a exposição da empresa sobre a decisão de suspender, de forma temporária, os abates realizados na unidade de Alegrete, remanejando os abates para as outras duas plantas da empresa, no Estado, uma em Bagé e outra em São Gabriel. “Conforme o diretor, está sendo estudada uma alternativa em conjunto com o Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Alimentação para a remoção de funcionários para as outras duas plantas ou mesmo a abertura de novas vagas”, informou Anna Suñe.

Rastreabilidade
Segundo a coordenadora da câmara setorial, a decisão administrativa do Marfrig gerará impactos no mercado exportador do Rio Grande do Sul. “Essa situação só vem reafirmar a posição da câmara e da Secretaria da Agricultura pela adoção da rastreabilidade para construir um diferencial para a carne do Rio Grande do Sul, porque sabemos que temos um mercado interno forte, mas precisamos ter a manutenção dos mercados exigentes externos”, destacou Anna Suñe que ressaltou: “a rastreabilidade completa do rebanho não é a única alternativa para situações como essa, mas auxilia para um equilíbrio no mercado”.

Sinalização negativa
O assessor da Agropecuária FF Velloso e Dima Rocha, e também colunista do jornal FOLHA do SUL, Fernando Velloso, reitera que o cenário não é positivo para ninguém, com exceção do Marfrig, que tomou uma decisão administrativa. “No entanto, o Marfrig é a maior indústria frigorífica do Estado. E a unidade de Alegrete tem um alto potencial de funcionamento, abatendo 600 animais ao dia, podendo chegar a mil animais”, analisa.
Velloso ainda complementa: “então é uma sinalização negativa para o setor, porque mesmo que o Marfrig redirecione seus abates para as unidades de Bagé e São Gabriel e mantenha um  resultado de 1,5 mil animais por dia, para o produtor da região de Alegrete isso significa não ter uma unidade para abater, o que levará, em algum momento, ao enfraquecimento na demanda por gado gordo no Estado, além da preocupação da manutenção do emprego de cerca de 600 funcionários”, aponta o analista.

Estranhamento
Segundo Velloso, o objetivo não é criticar a decisão administrativa da empresa,  mas avaliar que ela causa estranhamento “porque no resto do Brasil o setor está buscando maiores taxas de abate, aumento na exportação de carne e, aqui, temos esse aspecto isolado, que vai de encontro ao cenário nacional. Então, a decisão acaba tendo um valor simbólico preocupante para o setor da pecuária de corte”, finaliza.
Por meio de nota, a assessoria do grupo Marfrig salientou que a paralisação na fábrica é temporária e que o quadro de funcionários será tratado dentro da lei “preservando o profundo respeito que temos por nossos colaboradores. Cabe lembrar que, ainda assim, permaneceremos como uma das maiores empresas de carne no Estado, com duas fábricas que terão um aumento de produção significativa nos próximos meses. O fechamento da planta é temporário, mas não temos, neste momento, previsão de quando ela será reaberta”, encerra o comunicado.


Fonte: Folha do Sul

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