quarta-feira, 15 de abril de 2015

Ano complicado para as pastagens cultivadas de inverno


Este começo de outono de 2015 está se mostrando complicado para implantação de pastagens cultivadas de inverno.
Fatores como verão chuvoso e temperaturas altas promoveram um grande acúmulo de matéria verde nos campos do Rio Grande do Sul, tornando mais difícil a limpeza de pastagens de ressemeadura e o preparo de áreas de primeiro ano.
Em conversa com alguns produtores podemos observar que onde era realizada uma dessecação no início de fevereiro, neste ano foram necessárias duas ou três para obter o mesmo resultado.
A falta de chuva também atrapalhou quem desejava fazer a implantação no cedo, com o intuito de ter pastoreio no final de abril e início de maio.
Pode-se também observar que nas áreas de soja já colhidas, onde normalmente havia azevém de ressemeadura (também conhecido como azevém guacho) estão limpas, sem brotação ainda.
No quesito custo pode-se observar um aumento médio de 50,0% no valor pago na semente de azevém comum, 31,5% em alguns tetraploides e diploides de ciclos mais longos, 30,0% no diesel, 33,0% em adubos como MAP e DAP e 37,5% na ureia.
Estas altas estão intimamente ligadas à valorização do dólar, ocorridas neste período.
No caso especifico das sementes, além da desvalorização do real para a importação do Uruguai. A colheita de 2014 foi aquém do esperado, o que promoveu um desabastecimento e elevou o preço do produto.
Vamos exemplificar.
Para implantação de uma pastagem consideremos os seguintes itens/hectare:
– 3 litros de glifosato;
– 30 kg de azevém comum;
– 150 kg de DAP;
– 100 kg de ureia;
– 15 litros de diesel;
No ano passado esta pastagem custava R$485,00/ hectare. A mesma pastagem custa R$645,00/hectare, ou seja, alta de 33% para implantação.
Se transformarmos este desembolso em kg de boi nos mesmos períodos veremos que este aumento não foi tão significativo quanto parece, Pois o boi também subiu neste período.
No caso do ano passado necessitaríamos de 57,7 kg contra 63,2 kg em 2015; um aumento de 9,5%, bem menor que os 33,0% se levarmos em conta somente o preço.
Todo este cenário é acompanhado de uma valorização da reposição, que foi puxada pela alta do boi gordo.
Creio que em 2015, a palavra de ordem será GESTÃO, tanto de custos , fazendo reduções orçamentárias sem perda de eficiência econômica, como de processos para poder produzir uma quantidade maior de kg em um período menor de pastoreio, devido ao possível atraso da entrada dos animais nas pastagens.
Por Eduardo Castilho

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