São Paulo, 26 de janeiro: Com o reconhecimento do governo chinês de que 16 estados brasileiros, mais o Distrito Federal, são áreas livres da febre aftosa, o Brasil abre mais um canal de exportação de carne bovina. A exportação do produto para o país oriental deve saltar das cerca de mil toneladas (as negociações aconteciam via Hong Kong) para 30 mil toneladas. Desde 2005, a China havia restringido a compra de bovinos do País após a descoberta de focos da doença no Mato Grosso do Sul.
A Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abieq) registrou em 2009 a exportação para a China de 988 toneladas de carne bovina, um montante de U$$ 2,619 milhões. Volume pequeno, se comparado à Rússia, maior consumidor do produto brasileiro, que no ano passado, importou US$ 822, 552 milhões.
Sergio De Zen, pesquisador do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq-USP), ressalta que a abertura de exportação de carne bovina para China é uma boa chance para abrir novos mercados. “O consumo per capta de carne na China é baixo, mas devido ao tamanho da população, o Brasil abre espaço para exportar algo entre 27 mil a 30 mil toneladas de carne. É como se um frigorifico de médio porte abatesse um rebanho exclusivamente para eles”.
O pesquisador explica que a produção de carne bovina naquele país oriental é desprezível, contudo, o consumo aumentou nos últimos anos. “Existe uma grande demanda pelo produto e como a produção é inexpressiva, há risco de inflação na carne. Por isso, foram obrigados a abrir o mercado”. De Zen alerta, entretanto, que a logística e um descontrole nos padrões sanitários podem ser um dos gargalos às exportações.
Para a analista de mercado Maria Gabriela Tonini, da Scot Consultoria, uma das vantagens de abrir novos mercados é evitar grandes prejuízos. “Quanto mais mercados o Brasil abrir e conseguir ampliar sua participação, melhor, já que poderá evitar problemas pontuais como o embargo da Rússia (final de 2007) que gerou grandes prejuízos ao País”.
Maria Gabriela ressalta que a China voltou a habilitar o Brasil, mas ainda não há informações relativas ao embarque imediato do produto. “Carne bovina não é a mais consumida lá, mas se houver um aumento de volume de 1%, as nossas importações aumentam muito, devido a grande população”.
Hoje a China é a maior parceira comercial do Brasil; segundo o Ministério do Desenvolvimento, em 2009, a corrente de comércio (soma de exportações e importações) Brasil-China aumentou de US$ 35,8 bilhões para US$ 36,1 bilhões.
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