O abate de fêmeas continuou em alta no primeiro semestre

Maurício Palma Nogueira, eng. agrônomo diretor da Bigma Consultoria mauricio@bigma.com.br Reprodução permitida desde que citada a fonte

Segundo a pesquisa trimestral de abate de bovinos, publicada pelo IBGE na última semana, houve queda de 3,48% no número de animais abatidos no primeiro semestre, quando comparado ao total abatido no mesmo período de 2010. A produção de carcaças recuou mais ainda, em 6,52%, na comparação dos dois primeiros semestres. Essa redução é principalmente em função do aumento na proporção de fêmeas abatidas em 2011. Enquanto o abate de machos recuou 11,09% na comparação do período, o abate de fêmeas aumentou 11,65%. A explicação para o aumento no abate de fêmeas é a queda no índice de fertilidade. Em entrevistas durante a primeira semana do Rally da Pecuária, idealizado e organizado pela Agroconsult com apoio da Bigma Consultoria, os produtores confirmaram a redução da fertilidade das fêmeas em 2010. Embora os dados do Rally da Pecuária ainda não tenham sido tabulados, as observações dos produtores seguem no sentido das estatísticas. Com isso, o ano de 2011 vai formando característica de ciclo de baixa com relação ao abate de fêmeas, embora as razões para este aumento no abate de fêmeas sejam diferentes. Observe a figura 1. Figura 1. Evolução da participação de fêmeas nos abates (Bois e vacas) dos primeiros semestres dos últimos anos Fonte: Bigma Consultoria – com dados do IBGE O que nos permite afirmar que as razões para o abate de fêmeas sejam outras é o comportamento dos preços da arroba do boi gordo e da desmama. No período de 2003 a 2006, quando o abate de fêmeas atingia o ápice do último ciclo de baixa, o ágio médio da arroba da desmama macho sobre o preço do boi gordo era de 20,7%. Atualmente, na média dos últimos meses, este ágio é de 32%, comprovando que o preço do bezerro não é um dos fatores motivadores para levar as vacas ao abate. Observe a figura 2. Figura 2. Preços da arroba de machos em São Paulo Fonte: Bigma Consultoria – Cepea/base de dados Além da redução da fertilidade de fêmeas, outras razões podem ter influenciado também a decisão dos produtores. Uma delas é o aumento de custos de produção ou outras razões que tenham prejudicado o fluxo de caixa. E outro motivo foi a necessidade de esvaziar os pastos que sofreram pela seca e pelo ataque de cigarrinhas no ano passado. Essa tem sido uma realidade relatada por diversos produtores. Por isso, mesmo com os preços em comportamento típico de período de ciclo de alta, e retenção de fêmeas, outras forças estão levando os produtores a reagirem como em época de ciclo de baixa. Mesmo assim, embora as causas sejam diferentes, o efeito é o mesmo. O abate de fêmeas em 2011 impactará o mercado de bezerros do próximo ano. FONTE: BIGMA CONSULTORIA