Rogério Goulart, administrador de empresas, pecuarista e editor da Carta Pecuária cartapecuaria@gmail.com Reprodução permitida desde que citada a fonte |
A arroba do boi saiu de 95 reais em meados de setembro para ao redor de 100 reais, hoje. Lá em setembro dissemos o seguinte: “Se puder esperar, quem tem boi gordo, espere.” Vamos dar uma olhada no gráfico da arroba do boi em SP. Repare na arroba testando 95 reais em junho e depois em setembro. É, parece que abaixo de 95 a coisa não quer engrenar. E para cima? Bom, aí é que estão todas as atenções atualmente. Existe um número mágico no momento: 100. É quanto muitos pecuaristas que possuem fazendas nas regiões vizinhas da borda do estado de São Paulo estão esperando chegar o preço da arroba para poderem começar as vendas. No Mato Grosso do Sul hoje vale 95 de balcão, mas já ocorreram negócios mais altos que isso até 97 reais. Um produtor melhorzinho aqui no Mato Grosso do Sul venderia um boi gordo de 18@ a 100 reais e receberia 1.800 reais por isso. Ele provavelmente pagou no boi magro um ano atrás ao redor de 1.350 reais, frete e comissão inclusos. Deve ter gastado como custo de produção ao redor de 300 reais em doze meses, então no final está tirando 150 reais por boi de lucro. Ah, só que ele não tem esses 100 reais no boi gordo, hoje. Tem, ou tinha, até recentemente 92 reais e olhe lá. Um boi gordo vendido à 92 reais daria para esse mesmo produtor um lucro de 6 reais. Isso mesmo, 6 reais. Ou seja, olhe só como é importante e crucial uma arroba ao redor de 100 para a borda de SP. Porém, é isso que o mercado futuro está esperando para a borda de SP? Por enquanto, não. Observe abaixo os preços dos contratos para a safra esperando ao redor de 100 reais somente para os bois paulistas. E para os bois de fora? Continue lendo. O boi magro, maior custo, caiu um pouco de preços nesses últimos meses, então isso daí alivia um pouco a pressão nas próximas vendas de safra, porém não muito. Estimo aqui que uma janela entre 90~95 reais como o mínimo que a arroba deveria valer para cobrir os custos de produção para as fazendas na borda de SP. Veja bem, deveria, não sei quanto estará. O mercado futuro começou a dar seus pitacos sobre esse assunto. Os contratos da safra ficaram ativos e espertos de umas semanas para cá, então o pecuarista já consegue visualizar uma ideia do que receberá pelos seus animais nesses meses de chuvas. Mas quanto valeria um boi fora de SP? O diferencial de base, que é o desconto da arroba de SP para os outros estados girou nesses últimos anos com um desconto entre –11% e –13% para a safra. Isso significa uma arroba entre 87~90 reais para esses estados. Mas espere aí. Se o custo fica acima de 90 reais e o mercado espera um preço de venda abaixo de 90 reais, a conta não fecha. Amigos, isso daí não paga a conta da safra! Mas, hei, o mercado é soberano. Não discuto com seus preços. Só aponto aqui as discrepâncias entre o que vejo como valor (ou, o que deveria valer) e preço (o que está sendo cotado). Digo isso tudo porque existe uma diferença que o mercado futuro, a meu ver, ainda não colocou na conta, que é o acréscimo dos preços de compra de bezerro, garrote e boi magro de 2008 para cá. Falo mais explicado sobre isso na Carta Pecuária de Longo-Prazo. Isso ainda vai dar pano para a manga... Pode pegar o mercado de surpresa. O curto-prazo impera atualmente. Se discute se o mercado interno vai ou não vai consumir; quantos reais dá para ganhar/perder na bolsa; as apostas para a arroba em novembro ou quando será o pico da entressafra... Chamo a atenção dos leitores olharem mais além, para os custos de produção da atividade e para se posicionarem de forma atenta e alerta para a safra. A partir de agora aparecerão, espero, momentos para se olhar com olhos de caçador as oportunidades que ambos mercado futuro e mercado de opções transparecerão. No momento olho para os contratos futuros de fevereiro e para os contratos de opções fora do dinheiro, para a safra, afim de cobrir os custos de produção da engorda. Se um custo mínimo gira ao redor de 90 reais fora de SP, o mercado de opções do jeito que está ainda se apresenta um pouco caro demais para meu gosto, mas, quem sabe? Uma hora isso daí corrige. Isso daí tudo para a safra. E para os bois gordos de agora? Agora a realidade é outra e mais urgente. Se lembra da recomendação que fiz e repeti aqui no início do texto, de esperar um pouco? Pode passar a borracha. Agora é hora de começar a ligar para os frigoríficos e iniciar aquele namoro para a venda dos animais gordos. Será um romance bom e tórrido daqui até meados de janeiro. MOVIMENTAÇÃO DO MERCADO: Boi -- Indicador ESALQ/BVMF do boi, que mede a variação dos preços da arroba no Estado de São Paulo, fechou a semana com +1,53 a R$ 101,19 à vista. Cotações em R$ por arroba. A média móvel de 5 dias fechou em R$100,76. O contrato de outubro/10 fechou com +0,93 a R$ 100,99. A diferença hoje entre o contrato de outubro e a média é +0,23. O contrato que vence em novembro/11 fechou com +1,09 a R$ 104,18; dezembro/11 +0,72 a R$ 103,74; janeiro/12 +0,51 a R$ 100,50 (janeiro adiante as cotações já são livres de impostos). Todos os vencimentos estão cotados com o fechamento da sexta-feira e com a indicação semanal da variação de preços. Bezerro -- Indicador ESALQ/BVMF de bezerro, que mede a variação dos preços no Estado do Mato Grosso do Sul, fechou a semana com +22,08 cotado a R$ 736,96 à vista. Cotações em R$ por bezerro. A arroba do bezerro desse indicador subiu R$ 2,00 e vale R$ 116,00.Todos os vencimentos estão cotados com o fechamento da sexta-feira e com a indicação da variação semanal. Taxa de Reposição1 -- Um boi gordo compra hoje 2,27 bezerros, queda de 0,07 na semana. Dólar -- Dólar comercial fechou com –5,62% a R$ 1,680. Dólar futuro com vencimento no início de novembro fechou com –6,00% a R$ 1,679; dezembro fechou com –5,90% a R$ 1,691. Juros -- A taxa de juros do governo (SELIC) está hoje em 11,50% ao ano, queda de 0,50% na última reunião do Copom. Inflação – IGP-M de outubro +0,53%. Acumulado no ano2 +4,61%. Acumulado nos últimos 12 meses (3) (novembro-10 a outubro-11) +6,75%. Assim como os contratos de boi e bezerro se encerram pelo preço dos seus respectivos indicadores, o dólar se encerra pelo preço do dólar do Banco Central nas datas acima indicadas. Frigoríficos 4 -- A arroba nos frigoríficos foi cotada hoje em São Paulo ao redor de R$ 98,00; no Mato Grosso do Sul, Dourados a R$ 95,00 (Base –3,1%) e em Campo Grande ao redor de R$ 95,00 (Base –3,1%). A arroba em Goiânia foi cotada ao redor de R$ 89,00 (Base –9,2%). Em Cuiabá está em R$ 89,00 (Base –9,2%). No sul do Tocantins a arroba foi cotada em R$ 92,00 (Base –6,1%). No Triângulo Mineiro ao redor de R$94,00 (Base –4,1%). 1 Considerando os valores nominais dos indicadores da ESALQ/BVMF. 2 e 3 Somatória com Juros Simples. 4 Fonte das arrobas dos frigoríficos à vista e livre do Funrural: Informativo Boi na Linha, da Scot Consultoria. CONCLUSÃO: Mercado físico terminou em forte alta na esteira de uma redução drástica nas escalas de abate. O boi em SP já está valendo, segundo indicadores, algo próximo a 100 reais ou até mesmo um pouco acima disso à vista. Nos estados ao redor das terras paulistas a torcida é grande para que lá também a arroba alcance a marca dos três dígitos. O bezerro vive em seu mundo próprio. Continua a valer entre 115~120 reais. Hoje, por exemplo, vale 116 reais. O bezerro é o teto do boi? Historicamente é o que o mercado indica em seus números. Nada de chute aqui. Depois de subir a montanha russa, é hora da descida arrepiante. A moeda americana fechou em forte queda resultado do ânimo renovado sobre o reme-reme da crise mundial, especialmente na Europa. |
terça-feira, 1 de novembro de 2011
Está se iniciando o bom momento para vender?
Postado por
Eduardo Lund / Lund Negócios
às
09:56
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