sexta-feira, 13 de julho de 2012

Frigorífico quer inverter cadeia e vender carne “sob encomenda”


Frigoríficos pretendem alterar a cadeia da carne para ganhar novos mercados e aumentar o faturamento
Em vez de sair à procura de clientes após abater o gado, os frigoríficos visam agora vender o produto antes mesmo de adquiri-lo.
Hoje, a indústria compra o gado, abate os animais e vende a carne. A nova proposta é primeiro vender a carne, para só depois abater o animal que se enquadre exatamente nas exigências do comprador.
O presidente da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec, São Paulo/SP), Antônio Camardelli, espera que, com isso, os frigoríficos atendam melhor o mercado e fidelizem o cliente, além de otimizar a produção. “Hoje, se o boi tem 20% de gordura e o cliente quer apenas 10%, a indústria tem que retirar o excesso. Com a mudança, vamos procurar o produtor que faça boi com 10% para esse mercado. Tem que do mercado partir para o boi, e não fatiar o boi e ir atrás do mercado”, afirma.
Com o modelo atual, diz Camardelli, o Brasil faz carne “ingrediente”, vendida sem valor agregado. Mudando a cadeia, pode chegar à carne “culinária”, um pouco mais valorizada, e daí à “gourmet”, com alto valor agregado –e com chances de entrar em mercados nobres, como Estados Unidos, Canadá, Coreia do Sul e Japão.
A carne produzida no Brasil, hoje, não tem acesso a mais da metade do mercado.
Clique na imagem para ampliá-la
Produtor
Na disputa com frigoríficos pelo preço do boi, os produtores esperam ser remunerados para produzir aquilo que o mercado deseja.
“O Brasil tem como produzir o boi que o consumidor quiser. Mas tem que ser pago por essa qualidade”, defende o presidente da Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat, Cuiabá/MT), Luciano Vaccari.
Para Vaccari, produto diferenciado implica custos mais altos. “Se o cliente quiser boi com cupim vermelho, a gente pinta. Mas alguém tem que pagar o cara que vai pintar o boi e a tinta usada.”
Ele usa como exemplo as carnes de grife, que já existem no Brasil: têm mais qualidade, mas são mais caras. “Não há como fazer isso sem remuneração.”
O preço da arroba bovina caiu 3% em julho, para R$ 93, contrariando a expectativa de recuperação. No início do ano, a arroba valia R$ 100.
Fonte: Folha.uol, adaptada pela equipe feed&food.

Nenhum comentário: