Depois de ameaçar suspender as importações de carne brasileira caso o país iniciasse as vendas desses aditivos sem comprovar a existência de um sistema de segregação da produção, a União Europeia obteve a garantia do governo brasileiro de que o cloridrado de zilpaterol e a ractopamina não seriam comercializados antes que isso de fato fosse feito.
O impasse é que as empresas detentoras da tecnologia - as americanas MSD Saúde Animal, da Merck, e Elanco - entendem que o acordo firmado com o governo valia apenas até o fim de agosto. "As empresas já podem vender o produto", afirma Emílio Salani, diretor de operações do Sindan, entidade que representa as indústrias de saúde animal.
O entendimento do Sindan não é compartilhado pelo governo e pelas indústrias exportadoras de carne bovina. Em entrevista ao Valor, o secretário de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura, Enio Marques, criticou a postura da entidade e ameaçou cassar os registros dos aditivos se as companhias seguirem a visão do sindicato.
"O Sindan não tem nada a ver com isso", disse. Segundo ele, a entidade só representa a produção de medicamentos veterinário e esse não é o caso dos aditivos. "Esse é um tema para o sindicato de alimentos para animais", assegurou Marques.
Segundo o secretário de Defesa Agropecuária, há mais obstáculos às vendas dos dois aditivos da classe dos beta-agonistas. "Não é só o acordo. Para vender, o ministério ainda precisa definir o que é um confinamento", explicou Marques.
Recentemente liberados no país, os dois melhoradores de desempenhos não têm autorização para uso nos sistemas de engorda intensiva, os chamados confinamentos. A estimativa das empresas que o zilpaterol e a ractopamina proporcionem um ganho entre 10% e 15% no peso do animal pronto para o abate.
Marques diz que o ministério deve receber hoje a proposta de sistema de segregação construída pelo setor privado. Só depois disso ela será apresentada aos europeus.
Fonte: Valor Econômico
Nenhum comentário:
Postar um comentário