domingo, 7 de abril de 2013

Remates de outono terão menos terneiros nas pistas gaúchas


Redução nas pastagens contribuiu para a queda na oferta do Estado

Remates de outono terão menos terneiros nas pistas gaúchas Anderson Petroceli/Especial
Com isso, a projeção é de que o preço do quilo dos animais deva crescer de 12% a 25%Foto: Anderson Petroceli / Especial
Com o número reduzido de animais no campo, os remates de outono se iniciam com projeção de alta de até 25% no preço. O clima favorável ao pasto também deixou o gado mais gordo, o que anima pecuaristas e leiloeiros.

O principal motivo da queda na oferta é a redução das áreas de pastagens e criação para dar espaço aos grãos, conforme o presidente do Sindicato dos Leiloeiros Rurais do Estado (Sindiler), Jarbas Knorr. A alta do preço da soja fez com que alguns pecuaristas passassem a cultivar lavouras do grão, reduzindo o rebanho:

— Muitos criadores migraram ou arrendaram terras de pastagens para o grão, que se tornou muito rentável nesta safra — explica.

A estimativa do sindicato é que a oferta de bovinos caia 20% no Estado. Com isso, a projeção da entidade é de que o preço do quilo dos animais deva crescer de 12% a 25%, passando de R$ 4 para R$ 4,50 ou R$ 5.

Nas feiras de outono, as principais atrações são as novilhas e os terneiros — machos e fêmeas — comercializados para recria e engorda. Na última temporada, foram vendidos mais de 50 mil animais no Estado.

— Com a oferta menor, a procura aumenta e as vendas serão mais rápidas este ano — comenta Knorr.

Setor se recupera da estiagem
A melhora na condição dos bovinos também deve impulsionar o setor. A seca da última temporada prejudicou as pastagens, o que emagreceu o gado. Este ano, o cenário é diferente. As chuvas constantes deixaram as forrageiras de verão em boas condições para a alimentação dos animais, o que aumenta a qualidade dos lotes. 

É o caso do pecuarista Angelo Antonio Martins Bastos, da Estância Itapitocai, de Uruguaiana, que prepara mil animais para serem comercializados em remate nesta temporada. A estância ofertará exemplares em melhores condições do que o ano passado, quando o tempo seco devastou as pastagens. Com isso, a projeção do pecuarista é conseguir um preço cerca de 10% maior em relação ao último outono, quando a média dos animais comercializados ficou em R$ 4,29 o quilo.

Conforme Bastos, se o inverno tiver um clima favorável às pastagens, assim como foi o verão, o rebanho da estância estará ainda mais preparado para a temporada de primavera, quando serão ofertados reprodutores e matrizes.

Mesmo com a projeção de alta no preço do quilo dos bovinos comercializados nos remates de outono, o preço da carne não deve subir nesta temporada, segundo Knorr.

— Ofertamos agora os terneiros que serão criados e abatidos mais tarde, o que não deve afetar o preço da carne ao consumidor no momento.

Pecuaristas precisam investir em tecnologia
A qualidade do gado exposto nos leilões desta temporada deve contribuir para o aumento da rentabilidade dos pecuaristas e, ainda, impulsionar a temporada de outono de 2014, avalia Marcelo Silva, da Trajano Silva Remates.

— A melhor condição corporal das vacas nesta temporada reflete em terneiros mais desenvolvidos no próximo ano — afirma Silva.

Mais capitalizados, os pecuaristas podem investir em tecnologia e genética. Segundo o leiloeiro, com a constante redução das áreas para pasto, os pecuaristas têm de aplicar mais tecnologia para criar um volume maior de gado com os mesmos hectares.

— Tecnologia é a saída para manter o número de animais estável com áreas menores — comenta.

A opinião de Silva é compartilhada pelo proprietário da Agenda Remates, Homero Tarragô Filho. Ele afirma que a qualidade da oferta desta temporada auxiliará na valorização dos lotes e se refletirá nos investimentos dos criadores para os remates de primavera, que dependem do desempenho das pastagens de inverno.
FONTE: ZERO HORA

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