quinta-feira, 25 de julho de 2013

PARA REFLETIR !!!! QUAL SUA OPINIÃO?



Por que rastrear o gado gaúcho

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Por Luiz Fernando Mainardi, Secretário Estadual da Agricultura, Pecuária e Agronegócio.
A manhã estava cinzenta e úmida. O pavilhão do Parque de Exposições de Lavras do Sul lotado por lideranças do setor rural, produtores, técnicos, pesquisadores e estudantes. Todos preocupados com o futuro da pecuária e a exploração sustentável do Pampa. A data, 4 de julho de 2013. Neste cenário, ao abrir o Seminário “O Pampa e o Gado”, o governador Tarso Genro fez o anúncio histórico de que remeterá à Assembléia projeto instituindo a identificação individual do rebanho bovino gaúcho. Um passo importante rumo à modernização da pecuária.
As propostas resultam de amplo debate na Câmara Setorial da Carne nos últimos dois anos e das observações feitas em viagens ao Uruguai, Austrália e Nova Zelândia, onde recolhemos importantes ensinamentos. A medida propõem a identificação dos animais por época de nascimento, com brincos fornecidos pelo Governo do Estado, financiados com o resultado das políticas de combate ao abigeato, ao abate clandestino e à sonegação fiscal, que a rastreabilidade ajudará reduzir.
Poderíamos destacar, como consequências diretas da identificação, a melhoria dos controles sanitários, com reflexos diretos nas demais cadeias produtivas de origem animal, no combate aos que agem à sombra, antes referido e a criação de importante ferramenta de gestão das propriedades rurais. Mas, focaremos na valorização do produto que sai dos campos e que está pronto para ampliar participação no mercado internacional.
Basta olhar ao sul e ver a revolução que acontece no Uruguai. E, ao norte, o que ocorre em Santa Catarina. No vizinho País, a reorganização da cadeia, que tem base medular na rastreabilidade, a partir de 2006 a carne dobrou de valor. Em Santa Catarina, a rastreabilidade sustenta o status sanitário que permite, por exemplo, acessar com a carne suína o mercado japonês, um dos mais exigentes do mundo.
Significa, portanto, criar condições para que os produtores obtenham melhor remuneração. E, claro, para que o Estado, através de políticas valorizadoras da produção, amplie a arrecadação, sem aumentar a carga tributária, e enfrente as principais demandas do povo gaúcho na saúde, educação, segurança e infraestrutura.
Com certeza, teremos nos produtores, nas entidades representativas e no parlamento, o apoio à medida, que leva a pecuária à modernidade, colocando o Estado, mais uma vez, na vanguarda brasileira.



Fernando Lopa: achar que a identificação individual do rebanho será a modernização da pecuária gaúcha chega a ser um deboche aos produtores


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Fernando Lopa, presidente da Associação Brasileira de Hereford e Braford, ex-presidente da Federação Braford do Mercosul Membro do Conselho de Assessoramento Externo da Embrapa Pecuária Sul, comentou sobre o artigo Por que rastrear o gado gaúcho, por Luiz Fernando Mainardi. Leia o comentário na íntegra:
O clima em Lavras era o perfeito para tal anúncio Sr. Secretário, cinzento e úmido.
Realmente, achar que a identificação individual do rebanho será a modernização da pecuária gaúcha chega a ser um deboche a esta classe de produtores que no Rio Grande do Sul luta para se manter no negócio.
Achar que o preço da carne no Uruguai dobrou porque o rebanho está identificado, é desconhecer a história e o funcionamento da cadeia da carne bovina. Não devemos esquecer que em meados de 2011, frigoríficos do RS compravam bois no Uruguai para abate, motivo: preço bem abaixo do que no Brasil, e, me desculpe a falta de modéstia, mas neste assunto labuto há muito mais tempo e com muito mais dedicação que o Sr., afinal nesta época conversei com o presidente Mujica, na ExpoPrado, sobre esse assunto, e lhe garanto que a identificação bovina não foi o fator que fez o preço lá alcançar valores elevados nos dias de hoje e nem será para mantê-los nos próximos anos.
Sr. Secretário não é com identificação que o preço melhora, é só consultar os produtores de Santa Catarina, que recebe carne de todos os estados e não veem o seu boi valorizado, eles vão lhe dizer isso, ou então, olhar para dentro do seu estado e ver quanto vale um boi Hereford ou Angus nos programas de qualidade, criados por associações de produtores sediadas no RS, e veja quanto vale um rastreado.
Amplos debates na Câmara Setorial, realmente foram, mas sempre, ao final, só se levou em consideração o que o governo desejava para levar adiante o projeto de identificação.
Como podemos acreditar que a identificação animal vai acabar com o abigeato? Se fosse assim os arrozeiros do seu estado não sofreriam com os inúmeros roubos de transformadores e quadros de comando da lavoura, pois todos esses equipamentos são identificados. Secretário, abigeato se combate com policiamento! Mas como fazê-lo se volta e meia os sindicatos rurais tem que fazer campanha para arrecadar fundos entre os produtores para comprar peças ou combustível para viaturas, ainda tem a falta de efetivo, e nem vamos falar na ausência de barreira sanitárias em estradas federais e estaduais que cortam o RS.
É ingenuidade acreditar que o RS vai ampliar a participação no mercado internacional com identificação animal. A ampliação de mercado no complexo carne depende só de uma coisa: preço! E isso é regulado por dois fatores: custo para produzir e cambio! E a sanidade? dirão alguns… sanidade não influencia, ela é regra, se você tem você está habilitado a vender, se você não tem está fora! E o RS tem um sistema sanitário, no seu modelo atual, que tem aceitação mundial e sem identificação.
Secretário, a identificação bovina não levou Santa Catarina atingir mercados para carne suína, o que levou foi um iniciativa de um grupo de produtores, ligados a movimentos tradicionalistas, que, há mais de 15 anos, apoiados pelo governo estadual, resolveram acabar com anemia infecciosa em equinos e juntos lançaram a campanha “agulha de ouro”, que resultou no avanço do status sanitário de SC para “livre de aftosa sem vacinação”, só muito depois lançaram a identificação bovina e ai ela surtiu efeito.
Mais uma vez, tal medida, só serve para desviar o foco das atenções dos reais problemas da cadeia pecuária nesse estado carente de extensão rural (vide o estado calamitoso da Emater), sem pesquisa agropecuária (coitada da nossa Fepagro, totalmente sucateada), sem difusão genética (aonde está a CRIA), com seu grande laboratório de diagnósticos veterinários (Desidério Finamor) operando com enormes restrições e com a total falta de estrutura para realizar o patrulhamento rural ostensivo.
Quem sabe não poderíamos olhar para o sul e buscarmos transformar a Fepagro em um Instituto Nacional de Investigación Agropecuária ou para norte e seguir o exemplo de outrora de Santa Catarina e apoiar iniciativas da classe produtora em vez de empurrar goela abaixo seu modelo de modernidade.
Realmente fica difícil apoiar tal medida, que parece que o governo do RS está determinado a aprovar, então só me resta dirigir as palavras de Chico Xavier para reflexão da assembleia Legislativa do RS: “Embora ninguém possa voltar atrás e fazer um novo começo, qualquer um pode começar agora e fazer um novo fim”.

Diga não a identificação – relato de um produtor contra a rastreabilidade obrigatória no RS

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Por Pedro Pires Piffero, pecuarista e presidente do Sindicato Rural de Alegrete.
Os governos viajam e se vislumbram com as tecnologias aplicadas pelo mundo e a primeira coisa que querem fazer e implantar no seu estado. Porém esquecem-se do essencial: importar o comportamento dos governos nestes países em relação ao setor produtivo!
Lá quem desenvolve as demandas e as maneiras de implantação são os produtores e trabalho do governo é viabilizar essas demandas. Já aqui, é ao contrário.
Para alguns governantes a opinião dos produtores é a que menos vale e quem sabe o que é bom para os produtores são eles. Tem as ideias, as transformam em projetos e se o produtor, quando consultado, não concorda eles colocam como obrigatório.
Pior é depois do término dos seus mandatos vem outro governo que acredita que aquele projeto não é o ideal ou é prioridade e muda tudo. E o produtor que continua na atividade segue vendo suas demandas básicas continuarem não sendo atendidas, como mais segurança nas áreas rurais, melhores estradas vicinais, postos de saúde nos polos rurais funcionando, ensino profissionalizante e extensão rural mais eficiente e tantas outras.
O projeto de rastreabilidade ou identificação bovina do governo do estado do RS é mais um exemplo desse descaso com a classe. Mesmo o produtor externando sua insatisfação e indicando que existem outras formas mais eficientes e exequíveis para se alcançar os objetivos propostos pelo governo do Estado, sem precisar identificar cada bovino; desconsiderando a história dos gaúchos que sempre foram os pioneiros na implantação da maioria das tecnologias utilizadas para aumento de produtividade em todo o Brasil; e mais, descartando a experiência com a identificação no Estado, onde os produtores da região, que possui mais de 50% do rebanho bovino, e que, há mais de 10 anos, nas reuniões para falar sobre rastreabilidade e identificação bovina, se colocam contra a sua obrigatoriedade.
Será que se fosse bom para esse produtor ele já não teria aderido voluntariamente?
Certamente a identificação virá acompanhada de custos, burocracia e penalizações e multas, e o que agora anunciado como “gratuito” sairá bem caro, e, como sempre, a conta será paga pelo produtor.

José Roberto Pires Weber: hoje, todos os setores buscam a rastreabilidade como instrumento de gestão e de melhor aceitação dos seus produtos, bem como de controle sanitário

José Roberto Pires Weber, presidente do Sindicato Rural de Dom Pedrito e vice-presidente da Associação Brasileira de Angus, comentou sobre o artigo Diga não a identificação – relato de um produtor contra a rastreabilidade obrigatória no RS. Leia o comentário na íntegra:
Lamento a opinião do ilustre articulista que, com certeza, expressa a opinião de alguns menos entrosados com a tendência mundial dos consumidores e dos produtores mais avançados. Hoje, todos os setores buscam a rastreabilidade como instrumento de gestão e de melhor aceitação dos seus produtos, bem como de controle sanitário.
Como Presidente do Sindicato Rural de Dom Pedrito e Vice-Presidente da Associação Brasileira de Angus, esclareço que em reunião há pouco realizada naquele sindicato, com a presença de mais de 40 dos principais pecuaristas do município, TODOS foram favoráveis à rastreabilidade/identificação proposta pelo Estado do Rio Grande do Sul.
Entendeu-se que não basta apenas proclamarmos, com razão, que produzimos a melhor carne, mas que precisamos diferenciá-la mercadologicamente para valorizá-la no mercado internacional e em nichos especiais de consumo no mercado interno.
Em consulta feita a seus associados sobre o tema, a Angus não recebeu nenhuma posição contrária à ideia, mas sim, diversas sugestões para melhoria do projeto governamental. No mundo em que vivemos, o produto tem que ser apresentado com valor agregado para obter preço diferenciado, ou alguém imagina que o consumidor vai bater na nossa porta atrás do que deseja??? Esta é uma tendência mundial, inexorável e quem perder o trem da história, pagará os ônus decorrentes.
Por fim, sempre que quisermos sair do nosso conservadorismo e comodismo, em busca do novo, da tecnologia e dos resultados diferenciados, teremos que enfrentar dificuldades, mais trabalho e despesas. Quem não quiser assumir e enfrentar estas questões, com absoluta certeza, patinará nos seus negócios e perderá o rumo da história!
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fonte: BEEFPOINT 

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