domingo, 1 de setembro de 2013

85% do couro brasileiro vai para mercados sensíveis a preocupações ambientais

Cerca de 40% da carne bovina e 85% da produção de couro atendem a mercados que são potencialmente sensíveis a preocupações ambientais, fornecendo uma explicação parcial para a razão pela qual os produtores brasileiros assumiram recentemente compromissos para reduzir o desmatamento na produção de gado, descobriu um novo estudo publicado no Tropical Conservation Science.
 
A pesquisa, conduzida por Nathalie Walker e Sabrina Patel, da Federação Nacional da Vida Selvagem, e Kemel Kalif, da Amigos da Terra – Amazônia Brasileira, usou dados do governo para estimar a proporção de carne bovina e produção de couro que chega a mercados ambientalmente sensíveis.
 
Eles descobriram que a grande maioria das exportações de couro “pode ser considerada suscetível à demanda por produtos que não desmatam.”
 
Para a carne bovina, a proporção é substancialmente menor, mas ainda significativa.
 
É importante ressaltar que 80% da carne bovina brasileira é consumida internamente, indicando que “a preocupação do consumidor no Brasil com o desmatamento relacionado à indústria do gado é vital para apoiar e aumentar ações na indústria para reduzir o desmatamento”, de acordo com os autores.
 
As descobertas fornecem uma hipótese sobre a razão pela qual quatro grandes frigoríficos em 2009 assinaram uma moratória sobre desmatamento na produção de gado.
 
A moratória, que foi estabelecida em resposta a um relatório do Greenpeace que relacionava o desmatamento da Amazônia a grandes marcas ocidentais, comprometeu as companhias a evitarem compras de gado de fazendas onde a derrubada de florestas ocorreu após outubro de 2009.
 
O acordo levou os frigoríficos a suspenderem compras de 221 fazendas nos primeiros nove meses de validade.
 
Contudo, a moratória não se aplica a todos os produtores de gado na Amazônia brasileira, especialmente ao mercado de gado clandestino, que os pesquisadores estimam que é responsável por pelo menos 26% da produção na região.
 
“A indústria de abate clandestino é, por definição, outro setor que não deve responder à demanda do mercado”, escreveram eles.
 
“Devido à sua natureza ilegal, não é possível determinar se o tamanho médio, a densidade do rebanho das fazendas ou o nível de desmatamento nas fazendas fornecedoras de matadouros clandestinos diferem das fazendas de fornecimento legal.”
 
“Nossa estimativa de que 26% dos abates no Brasil são parte da indústria clandestina é similar a dados da produção ilegal na indústria de laticínios, onde estima-se que 20% da produção de laticínios não seja nem controlada nem inspecionada. Entretanto, alguns acreditam que a proporção do mercado que é clandestina é muito maior.”
 
No entanto, Walker, Patel e Kalif observam que a moratória “tem o potencial tornar um terço da indústria do gado livre de desmatamento”.
 
Eles argumentam que uma melhor governança, regras de concessão de empréstimo mais rígidas e outras iniciativas podem ajudar a reduzir a indústria clandestina. (Carbono Brasil )

fonte : A CrÍtica

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