Proposta de proibir uso de ivermectina de longa ação em animais a pasto está entre os itens a serem avaliados
Marcela Caetano e Marusa Trevisan
A proibição do uso de ivermectina de longa duração em animais criados a pasto, será uma das está entre os principais itens a serem debatidos pelo grupo de trabalho criado, recentemente, pelo Ministério da Agricultura para analisar a questão dos resíduos de produtos veterinários na carne bovina brasileira. A aplicação desse tipo de produto em animais confinados já não é permitida desde o ano passado.
A proibição é uma das sugestões apresentadas pela Associação Brasileira da Indústria Exportadores de Carne (Abiec) para evitar excesso de resíduos do produto na carne exportada pelo Brasil. Em 2010, o país enfrentou problemas com os Estados Unidos em razão de lote de produto industrializado com quantidade de resíduos acima da permitida, o que fez com que os embarques fossem suspensos por sete meses.
“Queremos que se proíba os medicamentos de alta concentração também para a produção a pasto, porque são os mais prováveis de gerar esse resíduo que a gente está encontrando na indústria”, afirma o diretor executivo da Abiec, Fernando Sampaio.
Conforme o diretor do departamento de insumos pecuários do Mapa, Fernando José Ferreira da Silva, que falou sobre o assunto em audiência pública na Câmara dos Deputados na última quarta-feira, 11, na Subcomissão Permanente de Combate à Cartelização do Agronegócio no Brasil da Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural, ainda não há decisão sobre a proibição de formulações de alta concentração, superiores a 3% e que costumam ter prazo de carência de até 122 dias. “Isso será debatido no grupo. Seria menor o risco (de haver resíduos) do que com o uso de concentrações mais elevadas”, opina.
A criação do grupo de trabalho foi proposta na semana passada e o início de suas atividades depende da publicação de portaria no Diário Oficial da União. O grupo terá a participação de especialistas, representantes de frigoríficos, indústrias farmacêuticas, confinadores e criadores em geral. “É um problema conjunto”, afirma.
Segundo Silva, além de definir a questão do uso de produtos de longa duração e maior concentração, o grupo irá debater a observação de boas práticas para emprego deste medicamento. “Mesmo as formulações de 1% de concentração, se (o abate) for feito dentro do período de carência, dá problema”, afirma. “É um produto seguro, mas com o qual temos problemas de mercado”, acrescenta.
Outras medidas solicitadas pela Abiec também serão pauta de discussão do grupo, como uma maior fiscalização do comércio de produtos veterinários. “A gente acha até na internet para vender produtos que são piratas, que não poderiam ser vendidos e não têm registro no Mapa”, afirma Sampaio.
Segundo Silva, no começo deste ano haviam 1,2 mil processos de apreensões de produtos veterinários em São Paulo, local de origem do produto, sendo boa parte de apreensões feita em Mato Grosso do Sul. “Não apenas ivermectina, mas também anabolizantes”, explica.
“Existem medicamentos à venda que não têm eficacia comprovada, que não passaram por registro no Mapa, existe problema de superdosagem na aplicação. Uma série de problemas que estão fora de controle no campo e que a indústria tem tido alto custo para controlar”, salienta Sampaio.
Fonte: Portal DBO
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