segunda-feira, 22 de setembro de 2014

Pistas enxutas e carne valorizada


Aumento de exportações e redução de animais prontos para abate deve levar à alta nos preços dos touros nos remates de primavera

 

O pecuarista interessado em qualificar o plantel e que for às pistas nesta temporada de remates de primavera terá de se apressar e se preparar para desembolsar mais do que em 2013 para comprar touros. A valorização deve ser puxada pela alta do boi gordo, influenciada por fatores como aumento das exportações, redução de animais prontos para o abate e disposição do próprio consumidor brasileiro de abrir a carteira para ter à mesa carne de qualidade, trunfo das raças de origem britânicas e suas derivações sintéticas criadas no Estado.


Pelo lado da oferta, a tendência é de menor número de reprodutores à disposição devido ao inverno chuvoso que dificultou o desenvolvimento de pastagens e a preparação dos animais, diminuição de remates e mais compras antecipadas nas propriedades. Dados do Sindicato dos Leiloeiros Rurais (Sindiler-RS) mostram que, na temporada passada, o martelo bateu para 5,2 mil reprodutores.


– Neste ano, serão em torno de 4,5 mil – estima o leiloeiro Marcelo Silva, da Trajano Silva Remates.


PERSPECTIVAS PROMISSORAS


O presidente da Associação Brasileira de Hereford e Braford (ABHB), Fernando Lopa, enumera mais razões para projetar uma temporada de valorização. Segundo Lopa, em 2014 cessou o abate de fêmeas verificado nos dois últimos anos em virtude do avanço da soja nos campos de pecuária. Isso estaria ajudando, agora, a frear a oferta de gado para abate, influenciando os preços e também levando a uma procura maior por touros pela retenção das matrizes. Com o interesse em alta e a antecipação das aquisições, Lopa faz uma previsão:


– Vão faltar touros.


Para Silva, quem for às compras no final de outubro corre o risco de não encontrar os melhores reprodutores. Na Associação Brasileira de Angus (ABA), o número de remates chancelados pela entidade no Estado será 10% inferior ao do ano passado, mas se repete a expectativa de uma estação promissora para os negócios.


– Esperamos uma boa temporada de vendas porque os preços do boi e do terneiro estão altos. Produtores que investirem em touros devem ter retorno interessante – avalia José Roberto Pires Weber, vice-presidente da ABA.


A percepção de antecipação é compartilhada por Henrique Ribas, vice-presidente da Associação de Criadores Devon.


– Acreditamos que teremos 30% dos reprodutores vendidos antes do início da temporada e, na metade dela, o estoque já estará liquidado – entende.


Também deve influenciar o mercado, dizem criadores e leiloeiros, a busca pela genética produzida no Rio Grande do Sul por pecuaristas de outros Estados, como Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Tocantins e Goiás.


Fonte: Zero Hora, 22/09/2014 (caio.cigana@zerohora.com.br)



Motor do mercado em alta rotação

 

Com a cotação do boi gordo no Estado quase um quarto acima do mesmo período de 2013, as projeções são de que ao menos parte dessa alta seja transferida para os preços pagos pelos reprodutores na atual temporada. Os números do Sindiler-RS mostram que, no ano passado, os touros fecharam com média de R$ 7,7 mil.


– Acho que, neste ano, vamos ter média geral acima de R$ 8 mil – estima o leiloeiro Marcelo Silva.


O patamar acima de R$ 8 mil já foi atingido em leilão de touros angus na Expointer. Levantamento de preços da Emater indica que, há um ano, o preço médio do do quilo do boi gordo, moeda que baliza os negócios na pecuária de corte, estava em R$ 3,43. Na última semana, subiu para R$ 4,22. Outra amostra do apetite do mercado foi a feira de novilhas selecionadas da Federação da Agricultura do Estado, também na Expointer, com média de R$ 1,33 mil por animal, 10% acima da edição anterior.


Apesar dos preços em alta, alguns fatores podem puxar o snegócios para baixo. É o caso da queda na cotação da soja e a estagnação da economia brasileira, pondera José Roberto Pires Weber, vice-presidente da ABA.


GAP aumenta oferta em 2014 

 

Na contramão das expectativas, algumas cabanhas aumentarão a oferta, como a GAP. No leilão do próximo domingo, em Uruguaiana, serão 300 touros e 320 ventres das raças angus, brangus, hereford e braford, número 10% superior ao ano passado. A intenção é privilegiar tradicionais clientes e reservar o que a cabanha tem de melhor para a disputa de lances. Apesar da escalada do preço do boi gordo, manter a média de 2013 será considerado um bom desempenho, avalia João Paulo Schneider da Silva, diretor comercial da GAP:


– Não acreditamos que essa valorização seja toda repassada, talvez por incertezas da economia, pelo momento de recessão. Mas a pecuária vai muito bem. A atividade, que vive altos e baixos, nunca teve estabilidade tão duradoura.


Considerado um dos principais remates da temporada de primavera e balizador de preços, o leilão da GAP faturou R$ 4,03 milhões ano passado.


Fonte: Campo & Lavoura 

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