Gustavo Aguiar, analista e consultor de mercado da Scot Consultoria, crê que o mercado de reposição deve ficar mais "frio" ao longo dos próximos meses. O zootecnista desacredita em grandes valorizações na arroba do boi gordo, uma vez que o atual cenário econômico não é dos melhores.
Gustavo é o responsável pela divisão de mercado de reposição da Scot Consultoria e será palestrante no Encontro de Criadores - no Encontro dos Encontros, que acontecerá em Ribeirão Preto-SP, nos dias 28 e 29 de setembro e 1o. e 2 de outubro.
Em entrevista à organização do evento, Gustavo já adiantou um pouco do tema de sua preleção e falou sobre o limite para as altas do bezerro neste ciclo, da relação de troca ao longo deste ano e o que esperar da retenção de fêmeas para esta estação.
Leia a entrevista:
Scot Consultoria - Qual é o limite para as altas do bezerro neste ciclo?
Gustavo Aguiar - Tudo indica que, em meados de 2015, atingimos um patamar de forte resistência à novas valorizações para o bezerro, pelo menos em curto prazo.
De julho de 2014 até o fim de maio (pico de preços de 2015 até o momento), o bezerro desmamado em São Paulo subiu 32,3%. Desde então, até meados de julho, a queda foi de 3,1%.
As relações de troca atingiram um patamar historicamente bem desfavorável ao recriador, próximo do pior ponto dos últimos vinte anos. Normalmente isso é um grande limitador de mercado.
Neste caso, as altas para o bezerro vêm perdendo força e negócios em valores abaixo da referência estão ocorrendo, o que vem favorecendo as reduções de preço.
Em função do cenário econômico não ser dos melhores para o segundo semestre, não esperamos grande valorização para o boi gordo neste período.
Assim, com a expectativa de recomposição gradativa da oferta de bezerros e da conjuntura citada, não há muitos indícios que apontem para uma continuidade da alta expressiva para o bezerro este ano.
Assim, imaginamos que este mercado deve ficar também mais frio ao longo dos próximos meses, pelo menos considerando a realidade que estamos vivenciando hoje. É esperar para ver.
Scot Consultoria - Fale-nos um pouco mais sobre a relação de troca ao longo deste ano, dentro de uma perspectiva histórica.
Gustavo Aguiar - Segundo levantamento da Scot Consultoria, considerando a praça paulista, na média do primeiro semestre foram necessárias 8,56 arrobas de boi gordo para a aquisição de um bezerro desmamado.
No mesmo período do ano passado, esta relação era de 7,46 arrobas por bezerro. Houve, portanto, um aumento de 14,7% no número de arrobas de boi necessárias para a compra de um bezerro em um ano.
O pior momento para a aquisição ocorreu em maio, com uma relação de 8,78 arrobas por bezerro.
Para situarmos o atual momento, na média dos últimos cinco anos, a relação é de 7,47 arrobas e o pior momento desde 1996 ocorreu em junho /10, quando foram necessárias 8,90 arrobas por bezerro, bem próximo do que vemos agora.
Com o recuo do bezerro nos últimos meses, apesar de em pequena magnitude, esta relação ficou estável e oscilou ao redor de 8,75 entre maio a julho.
Scot Consultoria - Nesse sentido, o que esperar da retenção de fêmeas para esta estação?
Gustavo Aguiar - Ano passado, mesmo com o mercado do bezerro em alta, não houve retenção significativa de fêmeas.
Na média de 2014, as fêmeas representaram 41,8% do abate bovino total, frente a uma participação de 42,0% em 2013.
Os dados do primeiro trimestre de 2015 indicam que as fêmeas representaram 43,9% dos abates totais, em relação a uma importância de 47,0% no mesmo período do ano passado.
Assim, se tudo der certo em termos de clima este ano (um fator prejudicial das estações de monta nos últimos anos), deveremos ter uma recomposição gradativa do rebanho ao longo dos próximos anos, com uma retomada na produção de bezerros.
fonte: Scot Consultoria
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