O Frigorífico Frigopampa após 45 dias com os abates paralisados, encerrou oficialmente suas atividades nesta terça-feira, dia 21. Os Funcionários remanescentes foram convocados para comparecerem à empresa, onde foi feito o desligamento do quadro funcional.
A redação dos Jornal Folha da Campanha compareceu à empresa e conversou com o proprietário do frigorífico Frigopampa.
Segundo o dirigente Armando Nunes, o frigorífico pertencia à empresa Cerro Branco, entrou em situação de insolvência e acabou por decretar falência. O patrimônio da massa falida foi arrematada em leilão pela empresa Fricar, que por sua vez repassou as instalações do frigorífico para nós, que mudamos o nome da empresa para Frigopampa.
Acontece que, a empresa Cerro Branco tinha um passivo fiscal da ordem de 16 milhões de reais a título de ICMS. De quebra a empresa arrematante da massa falida, a empresa Fricar, não pagou o valor da aquisição, e a cobrança recaiu sobre nós, que fomos enquadrados como devedores solidários e sucessores do passivo fiscal, comentou o dirigente Armando.
Antes de abrirmos a empresa, visitei a Receita Estadual e me foi informado de que havia apenas uma dívida de aproximadamente 125 mil reais, que uma vez paga poderíamos operar o frigorífico. Assim foi feito, pagamos esta dívida e reabrimos o frigorífico e voltamos aos abates em junho de 2014, com 105 empregados e abatendo em média 150 animais/dia, que é a capacidade instalada do frigorífico.
Acontece que fomos autuados e a receita estadual cassou nossa licença de funcionamento e recorremos à justiça para poder continuar operando o empreendimento. Por duas vezes ganhamos o direito de operar em primeira instância e continuamos trabalhando, até que na primeira semana de junho, a licença foi caçada novamente. Ingressamos com medida liminar, mas a justiça no dia 17 de julho de 2015 nos negou em definitivo a inscrição e fomos obrigados a paralisar as atividades, pois a fiscalização vivia rondando a nossa porta.
No dia de hoje, estamos realizando a dispensa dos últimos 62 funcionários que terão suas carteiras de trabalho liberadas e poderão encaminhar o seguro-desemprego.
A Frigopampa assumiu o passivo trabalhista e irá realizar a indenização de salários e rescisões mediante parcelamento e com o aval do sindicato da categoria, cuja sede é Cachoeira do Sul.
A redação do Jornal Folha da Campanha falou ainda com alguns colaboradores da empresa e era nítida a expressão de tristeza estampada no rosto de cada um deles, pelo fato de perderem o emprego. Conversamos com a colaboradora Lidiane Milano, que era a responsável pelo setor de embalagens do frigorífico e trabalhava a seis anos na empresa - estamos muito triste, pois muitos de nós criaram uma identidade com este frigorífico. Uma vila se formou somente de pessoas que trabalham ou trabalharam aqui.
Meu pai se aposentou trabalhando neste frigorífico, tive outros parentes que também trabalharam neste local. Portanto, este frigorífico sustentou gerações de famílias que daqui tiraram o seu sustento e para suas famílias - Sabíamos das dívidas da massa falida, mas tínhamos esperanças que o frigorífico continuasse funcionando e a garantia do nosso trabalho e do nosso sustento. Estamos muito tristes com o encerramento das atividades do Frigopampa, pois ele representa muito para muita gente, onde muitos não sabem fazer outra coisa a não ser trabalhar aqui, lamentou a colaboradora Lidiane Milano.
Fonte: José Deni Rodrigues Silveira / Jornal Folha da Campanha
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