Pecuaristas e empresários do ramo de transporte de animais vivos apostam na demanda de bovinos e búfalos em países como Egito e Turquia. Nesse caminho, empresa de Minas realiza maior operação do gênero envolvendo 4,7 mil animais.
Preparação para embarque de bois em pé em avião para exportação (foto: Fotos: Agroexport/Divulgação)
A crise econômica intensa pela qual passa a Venezuela - um histórico comprador de bovinos e bubalinos vivos do Brasil - faz com que o País tenha buscado novos mercados. O melhor exemplo disto foi o restabelecimento do comércio bilaterais com o Egito e a Turquia, que desde 2014 embargaram o gado brasileiro vivo exportado, em razão de interpretações divergentes sobre teste laboratoriais de febre aftosa.
De acordo com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), entre os anos de 2009 e 2014, o Brasil forneceu regularmente bovinos para abate no Egito. Nestes anos foram embarcados 75 mil cabeças de gado para o país africano. No segundo semestre de 2014, as exportações foram interrompidas. Os exames para detecção da febre aftosa, alvo da suspensão das exportações brasileiras, integravam o protocolo firmado na época entre os parceiros comerciais. Os dois países passaram, então, a renegociar certificado veterinário que não impedisse o desembarque dos animais no Egito.
(foto: Wagner Tamietti/Divulgação)
Bois embarcando
O acordo que permite a exportação de animais vivos para a Turquia foi fechado em 24 de agosto do ano passado. E os exportadores brasileiros não perderam tempo. Prova disso é que a AgroExport, única empresa mineira especializada na venda de animais vivos para o exterior, com sede em Uberaba, embarcou no dia 7 de junho deste ano 4.750 bovinos para engorda em fazendas de clientes turcos. Esta é a maior operação do tipo já feita por Minas, segundo o diretor da AgroExport, Alexandre de Castro Cunha Carvalho.
Entre 160 e 180 caminhões que saíram do Triângulo Mineiro rumo ao Porto de São Sebastião, no litoral paulista. "Apesar dos riscos e do fato de ser um negócio ainda novo no Brasil, é um mercado interessante", observa Carvalho, lembrando que outros dois destinos liberados recentemente também apresentam novas oportunidades para exportação: Iraque e Jordânia.
"Esse tipo de abertura fomenta a pecuária de uma maneira geral. Abrir o mercado é o que a gente sempre está procurando, pois se torna uma alternativa para os pecuaristas", comenta o gerente de relações internacionais da Associação Brasileira de Criadores de Zebu, Mário Karpinskas Júnior. Ele diz que, a Venezuela, um dos principais compradores de bovinos vivos do Brasil, está há dois anos sofrendo forte crise econômica, que impactou nas importações do país e, consequentemente, atingiu o mercado brasileiro.
"Há, ainda, a Turquia e o Líbano, que compram bastante. E estamos confiantes de que novos mercados vão se abrir daqui pra frente", antecipa Karpinskas. Carvalho, da AgroExport, observa que os venezuelanos, antes os principais clientes da empresa, deixaram de comprar animais há cerca de um ano. "Vendíamos muito pra lá, mas agora eles não conseguem dólar para quitar as cartas de crédito. Se está faltando até medicamento, não é diferente com comida e carne", conta.
Segundo Karpinskas, 20% do que se produz de carne no país é exportado. E, quando se trata de bovinos vivos, esse percentual é bem menor. "O mercado interno ainda é o mais forte. No entanto, há muito consumidor para o gado fora do país, principalmente, nesse tipo de negócio que envolve mercados diferentes. Na Turquia, por exemplo, eles exigem o gado novilho (adolescente) destinado à criação para o abate", afirma. Minas Gerais, por exemplo, segundo ele, se destaca neste mercado com animais para reprodução. "Com o porto de Belém, no Pará, compensa mais a exportação por lá. Aqui em Minas, os bovinos e búfalos são vendidos para reprodução. Os animais têm genética superior, afinal, o estado é um grande provedor de animais de genética apurada."
A coordenadora da Assessoria Técnica da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (Faemg), Aline de Freitas Veloso, destaca que o Pará é o principal estado exportador de bovinos vivos. "A logística favorece os negócios", observa. Além da localização favorável, Alexandre Carvalho conta que no estado também há uma oferta maior de animais que podem ser comprados para atender clientes estrangeiros. A AgroExport tem filiais naquele estado e no Maranhão. Desde 1988, a empresa já exportou cerca de 1 milhão de animais vivos para 20 países. A maioria foi embarcada a partir do Pará.
Aline Veloso lembra que o acidente ocorrido em outubro do ano passado no cais do porto de Vila do Conde - em Barcarena, Nordeste do Pará -, quando um navio que levava 5 mil bois vivos naufragou, atrapalhou os negócios relacionados à exportação. Carvalho confirma. "Era o principal porto para este tipo de carga", recorda. As atividades, agora, estão sendo normalizadas gradativamente, mas análises ainda estão em curso para a liberação total do porto. "A expectativa agora é de retomada", afirma o empresário.
Fonte: Luciane Evans, Graziela Reis / Jornal Estado de Minas
Adaptação: Equipe CRPBZ
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