Unidade no Oeste do RS tem capacidade de abater 700 cabeças de gado por dia
A Marfrig anunciou o fechamento do frigorífico localizado na cidade de Alegrete, no oeste do Rio Grande do Sul, que tem capacidade para abater 700 cabeças de gado por dia. A companhia demitirá os 647 funcionários quando eles voltarem das férias coletivas, no dia 3 de janeiro. O motivo alegado é a “baixa oferta de gado na região”. A Marfrig informa, em nota, que o volume de produção será mantido pelas demais unidades da empresa existentes no Brasil.
O frigorífico de Alegrete está há cerca de dois anos cercado de incertezas. A Marfrig revelou a intenção de fechá-lo pela primeira vez no fim de 2014. A planta ganhou sobrevida após longas rodadas de negociação com sindicatos, representantes do governo gaúcho e a Justiça do Trabalho. Um acordo fechado em fevereiro de 2015 obrigou a empresa a manter a operação de Alegrete por, pelo menos, um ano.
O prazo expirou e a companhia continuou normalmente com as atividades ao longo de 2016, até conceder férias coletivas aos trabalhadores, no início de dezembro. A média de abates, conforme os sindicatos locais, estava em 650 cabeças de gado por dia.
Os produtores rurais contestam o motivo apresentado pela Marfrig para encerrar as operações. De acordo com o presidente do Sindicato Rural de Alegrete, Pedro Píffero, a oferta de matéria-prima vem diminuindo pouco de um ano para o outro no Rio Grande do Sul. Segundo ele, nada que justifique o fechamento de um frigorífico. "Tem outras indústrias no Estado trabalhando a todo vapor. Claro que há alguns momentos de menor oferta, então tem que pagar mais. Isso é de mercado. Se tem preço, tem matéria-prima", disse.
O presidente do Sindicato dos Trabalhadores das Indústria de Alimentação de Alegrete, Marcos Rosse, acredita que a decisão de suspender as atividades passa por uma questão comercial que não diz respeito à matéria-prima. Até o final de outubro a empresa exportava, a partir de Alegrete, para países como Rússia, China e Arábia Saudita. Segundo ele, a Marfrig não teria conseguido renovar alguns esses contratos. “A justificativa que eles deram para o fechamento não é válida”, disse.
Está prevista para o próximo dia 22 de dezembro uma reunião entre representantes da Marfrig, sindicatos e o Ministério Público do Trabalho. Assim como ocorreu há dois anos, o setor espera que seja possível reverter a decisão da Marfrig. Uma alternativa é que outra empresa assuma a operação em Alegrete. "O que não pode é aquilo parado. Se não quiserem ficar, tudo bem, porque já tem gente interessada. Mas então precisam liberar o espaço", disse Rosse.
O frigorífico da Marfrig em Alegrete é hoje um dos principais empregadores da região e gera R$ 4 milhões por ano em arrecadação de ICMS. A companhia tem mais três unidades em funcionamento no Rio Grande do Sul: Bagé, São Gabriel e Hulha Negra.
Fonte: ESTADÃO CONTEÚDO
Nenhum comentário:
Postar um comentário