Diante da escassez de carne bovina para abastecer a demanda interna, a Argentina está aumentando a importação do produto, especialmente do Uruguai. Segundo números do Serviço Nacional de Sanidade Animal e Qualidade Agroalimentar (Senasa), a importação de carne fresca subiu de 28 toneladas, em novembro, para 90 toneladas, em dezembro. Estimativas de consultores indicam que em janeiro a compra de carne uruguaia teria sido de 110 toneladas, enquanto nas duas primeiras semanas de fevereiro chegaria à metade do volume.
O Senasa afirma que, durante 2009, foram importadas 793 toneladas de carnes frescas ao custo de US$ 1,47 milhão. Para um país que possui um consumo per capita anual de 73 quilos, o volume importado é irrisório, mas evidencia a crise da pecuária na Argentina. Com base nas estimativas de janeiro, o consultor pecuarista Ignácio Iriarte projeta um aumento das importações argentinas de carne uruguaia durante 2010, chegando a 2.400 toneladas. O volume representa menos de 1% do consumo argentino.
As províncias de Entre Ríos, Corrientes e Misiones compram 90% do asado (costela) uruguaio, conforme Iriarte. Das 580 mil toneladas de carne bovina que o Uruguai produz, 80% são para exportação. Contudo, com uma alta de preços que varia de 35% a 70%, desde o início do ano, a carne está sofrendo um boicote natural por parte dos argentinos. As associações de consumidores estão convocando a população a deixar de consumir carne bovina.
O vice-presidente da Associação de Proprietários de Açougues, Alberto Williams, disse que o consumo caiu 15% nos últimos 15 dias. Mas o vice-presidente da Câmara da Indústria e Comércio de Carnes da Argentina, Miguel Schiaretti, disse que o consumo de carne bovina no país terá uma queda de 25% neste ano.
Williams explicou que o governo está negociando um novo acordo de preços com os frigoríficos para baixar o preço da carne. O anúncio seria feito nesta sexta-feira pelo secretário de Comércio Interior, Guillermo Moreno, que restringiu as exportações de carne desde 20 de dezembro. Durante a reunião semanal da sexta-feira passada que o secretário manteve com os representantes da indústria, Moreno avisou que as exportações continuarão restritas por mais três meses.
O novo acordo incluiria divisão de categorias dos cortes de carne, segundo a qualidade. Segundo a imprensa local, os cortes serão divididos em segmentos de consumo massivo, selecionado e premium.
DCI - Diário do Comércio & Indústria
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