A cadeia produtiva da carne bovina também sofreu com a crise financeira mundial e o diretor Técnico da Agra FNP (São Paulo/SP), José Vicente Ferraz, conta como foi o ano de 2009.
Do ponto de vista dos preços, lembra Ferraz, acreditava-se que seriam superiores em 2009 e, apesar da turbulência na economia internacional, até certo ponto as previsões foram otimistas, mas o resultado ficou muito abaixo dos resultados de 2008.
Um fato que marcou, frisa Ferraz, foram as fusões de grandes frigoríficos como, por exemplo, a JBS e Bertin. “Para os pecuaristas, a questão teve dois lados. Foi negativa no que diz respeito aos preços, pois não há opção de compradores. Já com relação à segurança de venda do boi a prazo a um frigorífico e a certeza de que ele não vai falir, foi um ponto positivo”, salienta.
Com relação ao mercado internacional, Ferraz explica que muitos fatores influenciaram como o fato de que grandes importadores de carne bovina, entre eles, Rússia e países do Oriente Médio, que tinham suas economias baseadas no petróleo, viram essa commoditie despencar em 2009. “E para o Brasil foi uma demanda que deixou de existir”, conta e acrescenta: “a Venezuela também é um exemplo, que viu o preço do barril de petróleo despencar, de US$ 140 para US$ 70 em 2009, e diminuiu as exportações de carne bovina em 50%”.
Em 2010, as perspectivas são boas para o mercado interno, afirma Ferraz, tendo em vista as previsões de crescimento de 6% do Produto Interno Bruto (PIB) no Brasil. “Com o aumento da renda e por ser um ano de eleições, quando há mais dinheiro em giro, a expectativa é que o consumo aumente”, destaca.
Hoje o consumo per capita/ano no Brasil está em torno de 31 kg, informa Ferraz, muito aquém de outros países como Argentina, onde o consumo por pessoa está em aproximadamente 70 kg de carne bovina/ano. “Mas sabemos que o consumo não está dividido igualmente no País. Por exemplo, no Sul, podemos ter gaúchos comendo 80 kg de carne bovina/ano. Já no Nordeste, a média pode não chegar a 10 kg. Por isso a carne bovina tem muito espaço ainda na mesa dos brasileiros e o ponto-chave é a renda”, acredita.
No que diz respeito ao mercado internacional, Ferraz frisa que todos terão que esperar as mudanças estruturais que deverão acontecer nas principais economias do mundo, como Estados Unidos e Europa. “Teremos que ter muita paciência, pois o mercado externo não se recuperará tão rápido como desejamos”, finaliza.
FONTE www.abipecs.org.br
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