Rio Grande do Sul é o segundo maior vendedor de bovinos em pé do País
Está previsto para as próximas semanas o envio de mais uma remessa de boi em pé para o Líbano. Desta vez, devem deixar o Rio Grande do Sul entre seis e oito mil animais. A prática tem crescido exponencialmente no País nos últimos anos e no Estado, apesar de ter apresentado queda no ano passado, deve continuar sendo considerada como boa opção de comercialização. "Vale a pena para os produtores, que podem antecipar as vendas dos terneiros, sem precisar esperar pelas feiras de outono", diz o diretor da Farsul, Carlos Simm.
O dirigente reforça que, em alguns casos, é possível conseguir incremento de até 10% nos preços pagos pelos importadores, se comparado com os valores praticados no mercado interno. A opção por essa modalidade de exportação contribui também para o enxugamento da produção gaúcha e costuma ter reflexo direto na alta dos preços no mercado doméstico. "Os preços pagos com a exportação de gado em pé muitas vezes servem como referência de valores aqui dentro", completa Simm.
Conforme pesquisa da Scot Consultoria, a exportação de boi vivo no Brasil cresceu, em seis anos, 24 mil por cento. O analista de mercado Alex Santos Lopes da Silva acredita que a queda do Rio Grande do Sul no volume exportado, que de um total de 16 mil cabeças enviadas em 2008, passou para pouco mais de 6 mil no ano passado, seja sazonal e não deva continuar. Parte dessa redução é atribuída à entrada do Pará nessa modalidade de negócios, estado que hoje ocupa o primeiro lugar em volume exportado. "Vale a pena comprar dos paraenses, especialmente por parte da Venezuela, pela proximidade dos portos e baixo custo de produção", explica o consultor da Scot. O estado exportou 506 mil cabeças, em 2009, em função do constante aumento de demanda por carne por parte do país vizinho. Juntas, as duas regiões respondem por 98% das negociações do setor no mercado externo. "Começamos em 2003 exportando duas mil cabeças, hoje são 518 mil no País", diz Silva.
Mesmo com o volume expressivo, o especialista afirma que os envios ainda são muito inexpressivos a ponto de fazer concorrência com a exportação de carcaças. "Apenas 1% do gado que seria abatido é destinado ao mercado externo ainda vivo." O presidente do Sindicato da Indústria de Carnes e Derivados do Rio Grande do Sul (Sicadergs), Ronei Lauxen, discorda e diz que se trata de uma influência negativa, especialmente em uma época em que a indústria gaúcha trabalha com ociosidade. "Temos capacidade de absorver mais carne, e os abates caíram cerca de 20% entre dezembro e janeiro", apontou.
De acordo com números da Scot, no ano passado, o faturamento com as exportações de gado em pé no Brasil foi de US$ 419,5 milhões ante os US$ 740,2 mil de 2003. De acordo com o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), o País deve avançar, em 2010, mais 20%, enquanto a taxa mundial de crescimento por ano varia entre 3% e 4%. Para Silva, caso esse ritmo se mantenha por mais cinco anos, além de o Brasil ser o primeiro no ranking mundial de carne in natura, também será possível liderar o de boi vivo. Nessa modalidade de negócio, o Brasil ocupa hoje o quarto lugar, depois do líder Canadá, seguido do México e da Austrália.
Fonte: Jornal do Comércio
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