TATIANA FREITAS *ENVIADA ESPECIAL A BARRETOS
A alta das carnes de frango e suína, provocada pelo aumento das cotações dos grãos, abrirá espaço para o aumento do consumo de carne bovina e para um reajuste significativo nos preços do produto no quarto trimestre deste ano."Vai ser o Natal da carne bovina", disse hoje Luiz Ricardo Alves, vice-presidente de OperaçõesBrasil do Minerva, terceiro maior frigorífico do país em capacidade de abate.O valor da carne bovina normalmente sobe no último trimestre do ano, mas a tendência é que os ajustes sejam maiores em 2012, superiores à variação da cotação do boi gordo. "A força de alta é grande", afirmou Fabiano Tito Rosa, gerente de pesquisa de mercado do Minerva, que preferiu não estimar um percentual de aumento.
Segundo ele, a carne bovina está ganhando competitividade em relação a outras proteínas de origem animal. Atualmente, a carcaça bovina está 1,9 vez mais cara do que a carne de frango no mercado interno. "Essa é a menor relação desde o final de 2009", disse Rosa. Em abril de 2011, ela estava em 2,4 vezes.
Além do aumento dos custos da carne de frango e do suíno, que está provocando redução na produção dessas proteínas, o ciclo de baixa da pecuária --com o aumento do descarte de fêmeas e o maior volume de bezerros chegando à fase adulta-- contribui para o ganho de competitividade da carne bovina.
Neste ano, o Brasil deve abater 40 milhões de cabeças de bovinos, o melhor resultado desde 2007, quando o volume de abate bateu recorde, segundo Rosa. Com a maior oferta de animais, o preço do boi gordo, que corresponde a 80% do custo de produção da carne bovina, cai.
O ciclo de baixa da pecuária também devolveu a competitividade da carne bovina brasileira no mercado internacional . Segundo Rosa, o valor do boi no Brasil está 20% abaixo da média de seus principais concorrentes no mercado internacional .
"É um momento positivo para aumentar os preços também no mercado internacional , pois a demanda dos emergentes continua crescendo e o Brasil está praticamente sem concorrentes no mercado externo", disse Fernando Galletti de Queiroz, diretor-presidente do Minerva.
NOVA MARCA
Seguindo os concorrentes JBS e Marfrig, que estão reforçando a sua presença no varejo, o Minerva montou uma estratégia de aproximação do consumidor final. A empresa anunciou hoje a reestruturação de sua marca, que passa a ser Minerva Foods, e um plano para reforçar a sua presença nos 25 mil pontos de venda que atende.
"Queremos aumentar a fidelização dos pontos de venda por meio da melhora na prestação deserviços ", disse Queiroz. Entre os serviços prestados, está a distribuição de outros alimentos perecíveis além da carne bovina.
Com o modelo de negócios focado no pequeno e médio varejo, o Minerva distribui também peixes importados, batatas e vegetais, entre outros alimentos. Essa atividade já responde por 30% da receita da empresa no mercado doméstico e, no ano passado, cresceu 70%.
No longo prazo, o plano de comunicação da empresa deve ser formulado para atingir diretamente o consumidor final. "Em algum momento também falaremos com o consumidor. Vamos começar com o ponto de venda, para que ele dê apoio e apresente a nossa marca ao cliente final", disse Fábio Teixeira, gerente de marketing da empresa.
* A repórter viajou a Barretos a convite do Minerva.
Autor: Folha Online
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