sábado, 8 de dezembro de 2012

Governo promete acionar OMC se houver embargo à carne brasileira


Ministério da Agricultura e Pecuária inicia “batalha da comunicação”, segundo secretário, para evitar queda nas exportações após rumores de morte de gado pelo Mal da Vaca Louca

Nivaldo Souza - iG Brasília



O secretário-executivo do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MPA), José Carlos Vaz, afirmou nesta sexta-feira (7) que o Brasil inicia uma “batalha de comunicação” para evitar que aconfirmação do primeiro registro no País do príon (agente causador do Mal da Vaca Louca),conforme revelou o iG , esbarre as exportações de carne brasileira. “Essa informação não pode ser explorada comercialmente”, afirma Vaz.
O governo está disposto a acionar a Organização Mundial do Comércio (OMC) se o caso for usado como argumento contra a importação por algum país participante do órgão global. “Continuaremos com as medidas precisarem ser feitas para ampliar a participação do Brasil no mercado mundial”, diz.
A frase foi uma referência à suspensão por quase dois anos das compras de carne suína, bovina e de frango em frigoríficos do Paraná, Mato Grosso e Rio Grande do Sul. A relação foi reaberta recentemente, após o governo brasileiro apoiar a entrada Rússia como 156º membro da OMC, fato ocorrido em agosto deste ano.
Agora, o Brasil promete acionar o órgão multilateral de contenciosos comerciais caso seja retaliado. “Acreditamos que a Rússia vai seguir o acordo (respeitar o cumprimento pelo Brasil do protocolo da Organização Mundial de Saúde Animal). Caso não o faça, vamos tentar conversar bilateralmente. Não havendo negociação, vamos acionar a OMC”, afirma o secretário de Defesa Agropecuária, Ênio Antônio Marques.
O Brasil se diz seguro em relação ao sistema de controle sanitário e à inexistência de uma epidemia do Mal da Vaca Louca no rebanho bovino. “Se algum país criar algum tipo de barreira, vamos usar os mecanismos certos, no âmbito da defesa sanitária”, diz Marques.
Primeiro caso
O Ministério da Agricultura confirmou hoje a incidência de príon em uma vaca morta em novembro de 2010 na cidade de Sertanópolis, região norte do Paraná, município na região metropolitana de Londrina.
O ministério afirma, contudo, que o animal não morreu em função da doença. “Não foi achada a doença no Brasil. Foi encontrada uma proteína que poderia gerar a doença. O País segue sem incidência de EEB (Encefalopatia Espongiforme Bovina, nome científico do Mal da Vaca Louca)”, diz o diretor de saúde animal Guilherme Henrique Marques.
O MPA afasta o risco de contaminação por consumo de ração animal pela vaca, morta com 13 anos, inicialmente, devido à elevada idade. O Mal da Vaca Louca se contraí a partir do consumo de ração produzida com farinha de osso animal, geralmente utilizada para completar a alimentação em causos de propriedades com pouco pasto.
O ministério afirma em nota técnica que o animal morto há dois anos era criado no “sistema de criação a pasto”, afastando assim o risco de contaminação por farinha de osso. “Foram feitos dezenas de milhares de exames e a doença não foi encontrada no animal. Isso comprova que foi um achado não clássico. O fato de o animal ter morrido e sido enterrado na fazenda não compromete o sistema brasileiro”, afirma o diretor.
Segundo Marques, o animal desenvolveu o agente por “mutação espontânea”. “Pelos elementos epistemológicos que temos tudo leva a crer que estamos tratando de uma mutação espontânea”, diz.
A constatação do agente do Mal da Vaca Louca foi realizada na Inglaterra pelo laboratório Animal Health and Veterinary Laboratories Agency, especializado no tema após a epidemia da doença na Europa no início dos anos 2000, levando ao sacrifício de mais de 180 mil cabeças de gado.
O relatório da agência inglesa será oficialmente à Organização Mundial de Saúde Animal ainda hoje, como prevê o protocolo internacional, que determina envio em 24 horas após ter sido entregue ao Brasil.
O governo assegura que apesar da identificação do príon pela primeira vez no gado brasileiro, o País mantém a classificação de “risco insignificante” da doença. A nota foi confirmada pela Organização Mundial de Saúde Animal em ofício enviado ao Ministério da Agricultura hoje pela manhã.
FONTE: IG

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