O governo federal acaba de injetar R$500 milhões no grupo JBS, maior produtor mundial de proteínas comandado pelos irmãos Wesley e Joesley Batista. O negócio se deu através da emissão de debêntures (quando uma empresa emite títulos de sua dívida ao mercado, que podem ser adquiridos por investidores). Segundo informação do jornal Valor Econômico, a operação foi coordenada pela Caixa Econômica Federal, que no final das contas acabou arrematando todo o lote de emissões. Na prática, o que ocorreu foi um empréstimo do banco estatal à holding.
Nos últimos anos a holding recebeu financiamentos e operações de capitalização do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que passou a ter participação de cerca de 31% do capital social do grupo.
Segundo o diário de notícias econômicas, as debêntures possuem um prazo de vencimento de cinco anos, com prazo de carência de três anos para o pagamento do principal, e não têm garantia alguma. O Valor informa que a Caixa não comentaria o assunto e que nenhum representante da J&F foi localizado para detalhar a operação.
O negócio é muito bom para a holding, pois ela pagará juros equivalentes à taxa DI, que acompanha a Selic, mais 1,82% ao ano pelas debêntures. A taxa é inferior à obtida em empréstimos anteriores contraídos pela companhia. No balanço do ano passado, apurou o Valor, as linhas de crédito de longo prazo da J&F possuíam taxa entre 2,26% e 6,80% ao ano, mais a variação da taxa DI.
A captação também possuiria um custo menor do que o de emissões públicas de debêntures com perfil de risco semelhante. Recentemente, emissão de debêntures outra empresa, pelo mesmo prazo, pagou o equivalente à DI mais 2,20%. Outra vantagem importante da emissão de debêntures em relação ao empréstimo tradicional é a isenção do imposto sobre operações financeiras (IOF).
Os recursos vão refrescar o caixa da J&F, que fechou o ano passado com apenas R$8 milhões, contra uma dívida de curto prazo de R$437 milhões. No ano passado, a holding apresentou prejuízo de R$163 milhões, mais do que o dobro do resultado negativo de 2010.
Em março deste ano, a holding contratou o ex-presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, para o conselho consultivo. Ele é natural do município goiano de Anápolis e conterrâneo dos dois principais acionistas do grupo, os irmãos Wesley e Joesley Batista. Meirelles acumula os cargos de presidente do Conselho de Administração e da companhia.
Fonte: Brasil247.com. Por Gustavo Giani.
Nenhum comentário:
Postar um comentário