As leis muçulmanas e judaicas impõem regras às refeições. Na hora do abate, o sofrimento do animal deve ser evitado ao máximo, além de ser exigido o uso de faca especial. Com 1,6 bilhão de muçulmanos e 15 milhões de judeus no mundo, de acordo com pesquisa da agência norte-americana Pew Research Center, forma-se um amplo mercado para os alimentos preparados segundo preceitos religiosos. E o Brasil está atento a ele.
Com base em números do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec) relata que, em 2012, o Brasil exportou 348.973 toneladas de carne para o Oriente Médio e para o norte da África. Outro importante comprador é Israel, com a aquisição de 15.248 toneladas. Ao todo, estas transações movimentaram US$ 1,624 bilhão, no ano passado.
A Abiec explica que não existem dados exatos de quanto da carne exportada para esses países realmente segue as normas religiosas, mas que, como são destinos majoritariamente muçulmano (Oriente Médio e norte da África) ou judaico (Israel), analisar as exportações dos países como um todo dá uma ideia aproximada dos números. Embora tenham restrições durante o abate, as carnes não são mais caras que as outras quando chegam ao consumidor.
Corte islâmico
“Em nome de Alá, o mais bondoso, o mais misericordioso.” Para que a carne seja considerada Halal, nome dado ao corte com os preceitos desta religião, essas devem ser as últimas palavras ouvidas pelo animal antes do abate. Só podem ser abatidos bichos saudáveis, aprovados pelas autoridades sanitárias e que estejam em perfeitas condições físicas. Já os equipamentos e os utensílios devem ser próprios para o abate Halal, e a faca, bem afiada, para permitir uma sangria única que minimize o sofrimento do animal. O corte deve atingir a traqueia, o esôfago, as artérias e a veia jugular, para que todo o sangue seja escoado.
Inspetores mulçumanos acompanham todo o processo e são responsáveis pela verificação dos procedimentos determinados pela Sharia, código de leis do Islã. Preparo, processamento, acondicionamento, armazenamento e transporte da carne devem ser exclusivos para os produtos Halal, para que não sejam contaminados por outros alimentos que foram obtidos sem respeitar as regras muçulmanas.
Ritual judaico
A Torá, escritos sagrados do judaísmo, exige que bovinos e frangos sejam abatidos em um ritual chamado Shechita. Apenas uma pessoa treinada, denominada Shochet, é apta a realizar o rito. Antes, é realizada uma oração especial, chamada Beracha. O objetivo da cerimônia é fazer a degola do animal ainda vivo e, assim, provocar uma morte instantânea e sem dor. É utilizada uma faca especial, bem afiada.
Em semelhança ao método muçulmano, o corte deve atingir a traqueia, o esôfago e as principais veias e artérias do pescoço, causando uma intensa sangria do animal. Após o abate, um inspetor verifica os órgãos internos do bicho para procurar alguma anormalidade fisiológica que torne a carne não-Kosher.
Todo o processo, inclusive a salga, é feito no próprio frigorífico, sob a supervisão de um rabino, que garante que o alimento está apto para consumo. Os produtos Kosher, assim como os alimentos Halal, possuem um selo que certifica que todo o processo para a produção seguiu as exigências da Torá.
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