quinta-feira, 19 de setembro de 2013

Dólar impulsiona receita com exportação bovina e de aves


A valorização do dólar até agosto deste ano tem ajudado os setores de carne de boi e de frango a aumentarem suas receitas com exportação na comparação com o ano passado, mas os dois setores continuam apresentando cenários divergentes neste segundo semestre. Enquanto os embarques de boi cresceram mais em volume embarcado, a Avicultura tem ganhado nos preços das aves no mercado externo.


De janeiro a agosto, os frigoríficos brasileiros faturaram R$ 4 bilhões com exportação de carne bovina e R$ 5,8 bilhões com produtos avícolas. Em volume, as exportações da bovinocultura alcançaram 944 mil toneladas ante 2,684 milhões de toneladas por parte da Avicultura. Os dados foram divulgados ontem pela União Brasileira de Avicultura (Ubabef) e pela Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec).


Na comparação com o mesmo intervalo de tempo do ano passado, a exportação de carne bovina evoluiu mais em volume (20,57%) do que em receita (14,12%), já que o dólar valorizado reduziu o preço da carne brasileira no mercado externo. Já as exportações de aves renderam 7,4% apesar de uma ligeira queda nos volumes embarcados (de 2,6%).


O descompasso é resultado dos preços das duas carnes no mercado externo. Enquanto a carne de frango se mantém acima dos patamares de 2012, os preços da carne de boi têm sido reduzido pelos importadores no exterior.


No entanto, a redução nos embarques de frango pode ser revertida até o final do ano com a abertura de novos mercados, segundo o presidente da Ubabef, Francisco Turra. As compras iniciadas pelo mercado mexicano e os baixos estoques de aves no Japão e na União Europeia (UE) o fazem acreditar que o setor pode exportar até 1% mais que em 2012.


Com a perspectiva de alcançar novos mercados em um cenário de manutenção do dólar valorizado, a Ubabef aumentou a perspectiva de crescimento do faturamento do setor avícola neste ano com exportações para 10%, o que significa que a entidade aposta em uma receita de US$ 9 bilhões. No início do ano, a Ubabef acreditava em uma alta de apenas 3%.


A expectativa do setor de carnes de boi também é de receita recorde com exportação neste ano, mas ancorada apenas no câmbio. Segundo o diretor da Abiec, Fernando Sampaio, a estimativa é que o faturamento com os embarques fique acima dos US$ 6 bilhões, com cerca de 1,3 milhão de toneladas comercializadas.


Impacto no mercado interno


Apesar do aumento do volume de carne de boi exportado, Sampaio não vê possibilidade de desabastecimento do mercado interno. "A exportação serve para o frigorífico encontrar certo equilíbrio, porque o mercado interno consome mais cortes traseiros que dianteiros. Para vender corte dianteiro temos que achar saída em mercado lá fora", explica.


Alex Lopes, da Scot Consultoria, ressalta ainda que o aumento dos abates neste ano tem garantido a oferta de carne no País. "Em ano de aumento de oferta, com abate de fêmeas, as exportações praticamente não têm impacto nenhum ao consumidor final."


Já no caso das aves, apesar da redução dos volumes, as exportações continuam em um patamar alto, o que, segundo Turra, "tem ajudado a regular o mercado interno". "Isso tem sido fator determinante para obter preços melhores que têm ajudado a recuperação da crise do ano passado."

Fonte:Camila Souza Ramos, DCI

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