Os contratos futuros da arroba do boi negociados na BM&FBovespa atingiram máximas históricas ontem, com a persistência do tempo seco aumentando as preocupações sobre a recuperação das pastagens, o que pode atrasar a engorda do gado criado no pasto após um ano de baixa oferta.
O preço da arroba ficou sustentado ao longo de 2014 com uma oferta apertada de animais prontos para o abate, após uma das piores secas da história no Sudeste durante o último verão, somada a problemas estruturais do setor.
Os vencimentos outubro, novembro, dezembro e janeiro do segmento BM&F marcaram novas máximas de contrato ontem, com o dezembro operando em um pico de R$ 137,43 por arroba por volta das 16h15.
O contrato outubro superou 135 reais. "Não tem boi... Não chove, está uma falta de chuva, já era para estar com pasto verde... É a pior situação em 25 anos", afirmou o presidente da Associação Brasileira dos Criadores de Zebu, Luiz Claudio Paranhos.
O mercado futuro tem espelhado o físico. Os preços da arroba do boi gordo no Estado de São Paulo fecharam a semana passada com valor nominal recorde, segundo o indicador Esalq/BM&FBovespa: R$ 131,84. Grande parte da pecuária brasileira é extensiva, o que explica o impacto da seca para a oferta de animais prontos para os frigoríficos.
Nesta época do ano, de entressafra de gado, a oferta de animais criados em confinamentos ajuda garantir o abastecimento aos frigoríficos, mas nem o gado confinado, cuja oferta é menor, mas concentrada neste período do ano, está segurando os preços, disse Paranhos.
"Além do clima, os confinamentos não deram conta... é uma série de fatores convergentes [para a alta]", afirmou.
Com os preços em alta, os consumidores passam a procurar por carne bovina. Segundo especialistas, o único limitador para o preço da arroba seria um arrefecimento no consumo interno de carne bovina, devido aos altos preço.
As altas temperaturas e a falta de chuvas previstas também deverão afetar áreas de café e cana-de-açúcar do Brasil, ameaçando reduzir mais do potencial produtivo das lavouras, disseram meteorologistas. No caso da soja e do milho, a seca tem atrasado o plantio.
A Somar Meteorologia e outros especialistas esperam que as precipitações mais fortes e generalizadas retornem somente depois do próximo dia 23 de outubro, quando uma massa de ar seco sobre o Sudeste do Brasil será rompida. Isso permitirá que as frentes frias tragam umidade às regiões produtoras.
fonte:Reuters
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