sábado, 17 de janeiro de 2015

Destino à oferta da Marfrig

Reunião define futuro de centenas de trabalhadores demitidos por frigorífico em Alegrete

A reunião marcada para esta quinta-feira entre representantes da Marfrig e os secretários da Agricultura e do Trabalho, na Capital, está mais para bônus extra do que para final alternativo à novela que se arrastou por meses.
O capítulo derradeiro, que consolidou nesta semana decisão anunciada em agosto de 2014, de fechar temporariamente as portas da unidade em Alegrete, não deve ser modificado.
– É uma decisão lá do ano passado. Mas vamos tentar construir uma alternativa – reconhece o secretário da Agricultura, Ernani Polo.
Mike Breier, que nesta quarta-feira recebeu representantes da Confederação dos Trabalhadores nas Indústrias de Alimentação, também vai com o espírito de ver o que é possível fazer. Já estuda, no entanto, propostas para o cenário inevitável das demissões – são 623 trabalhadores efetivos no frigorífico, 580 atualmente em férias coletivas. É o caso da antecipação do seguro-desemprego e do encaminhamento ao bolsa-família.


O Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Alimentação de Alegrete pretende acionar, na próxima semana, o Ministério do Trabalho e o Ministério Público do Trabalho.
– Não há como o município absorver essa mão de obra. E a proposta de transferir até 150 trabalhadores para as unidades de São Gabriel, no papel é uma coisa, na prática é outra – diz Marcos Rosse, presidente do sindicato.
Entre os problemas apontados por Rosse, estariam o pedido de "fidelização dos funcionários" – se aceitarem a transferência, teriam de permanecer 12 meses na nova unidade – e a falta de clareza sobre as ajudas de custo previstas para a mudança.
Também incomoda o fato de a empresa não ter planos de abrir mão do direito de uso que tem da unidade em Alegrete, embora opte pela suspensão das atividades neste momento.
Há ainda outra equação importante a resolver, que diz respeito aos produtores – e que pode ter impacto, lá na ponta, para o consumidor de carne. Da oferta de gado de 11 municípios da região, 35% era comprada pelo frigorífico.
– O ônus maior é para o município. Mas está sendo fechada uma planta que tinha habilitação à exportação, para China e Rússia. Era uma unidade que não tinha concorrência na região – observa Pedro Piffero, presidente do Sindicato Rural de Alegrete.
No debate sobre a falta ou não de matéria-prima e se foi isso que, de fato, pesou para que a empresa optasse por concentrar a produção nas outras plantas, de Bagé, São Gabriel e Hulha Negra (frigorífico Pampeano), quem sai perdendo é o Estado.
fonte: Campo Aberto ZH

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