Em conversa com o Renato Bittencourt, a respeito mercado de terneiros, preço, negociações, volume e etc., surgiram algumas curiosidades.
Como qualquer produtor, antes da realização da safra, as expectativas sempre são mais que otimistas, isto ocorre no arroz, na soja, e vemos até mesmo isto na BM&F.
Na pecuária de cria não é diferente, em janeiro e fevereiro falava-se que em abril o terneiro valeria R$ 7,00/kg “Correndo”, houve negociações neste valor, porém não foi valor corrente, não é, nem foi algo que refletisse o mercado, pelo contrário, foram bem pontuais.
A pergunta é quanto vale nossa esperança e expectativa em fevereiro? Antes da “época de comercialização” dos terneiros.
Como análise de mercado é estudar o passado para tentar entender as tendências do futuro, vemos que na média de 2009 a 2014, o terneiro, de fevereiro a abril, valorizou de 6%. Já em 2015 a alta foi de 3,1%.
Sendo assim, o produtor que teve oferta igual ou superior a R$ 6,00/kg em fevereiro e realizou o negócio, tanto na entrega imediata, como travando o preço para entrega em meses posteriores fez um bom negócio.
Bem como o produtor que usou esta ação como forma de liberar as vacas para garantir melhor taxa de repetição de cria e entregou os animais, que é uma das grandes vantagens desta comercialização antecipada.
Vale ressaltar que a comercialização antecipada exige um sistema de cria muito eficiente, com bom peso dos terneiros em fevereiro e março.
Em casos como este, que verificamos a importância do conhecimento do mercado aliado ao conhecimento técnico.
Um produtor que utilizou ferramentas com creep feeding ou até mesmo arraçoamento de terneiro ao pé da vaca nos últimos 30 dias para aumentar o peso de desmame e aproveitar o momento de especulação, obteve um bom resultado (Veja o vídeo Terneiros mais pesados no desmame – 74kg a mais com creep feeding).
Pois muitas vezes deixamos os terneiros mais tempo com as vacas para que os mesmos ganhem mais peso, porém, hoje temos um terneiro mais para R$ 5,80/kg, que para R$6,00, firme por enquanto devido às boas chuvas que afirmaram um pouco a demanda para a pastagem de inverno, mas com tendência de queda para os próximos meses. Claro que o preço varia conforme o padrão racial.
Podemos concluir com base nos dados históricos, que o pico de preço acorre em abril, sendo que de maio em diante se inicia uma queda que somente volta a se recuperar em novembro, porém, não atingindo mais os patamares do abril anterior (Figura 1).
Figura 1.
Média de variação dos preços do terneiro no Rio Grande do Sul, entre 2009 e 2014.
Fonte: Scot Consultoria / Lance Agronegócios
Figura 1.
Média de variação dos preços do terneiro no Rio Grande do Sul, entre 2009 e 2014.
Fonte: Scot Consultoria / Lance Agronegócios
O movimento inverso ocorre no boi gordo, que inicia seu processo de alta de abril, que dura até julho, para daí tender a cair até novembro.
Neste caso, a venda de boi gordo em julho e compra de terneiros em agosto, é uma estratégia interessante para se favorecer da relação de troca.
No caso do terneiro, a desvalorização de outubro em relação a abril representou 3,2% na média do período de 2009 a 2014. Se analisarmos apenas nos 3 últimos anos, essa queda sobe para 7,4%.
Se usarmos esta última variação para os patamares de preços agora, considerando o kg do terneiro em R$ 5,90/kg vivo em abril chegando ao redor de R$ 5,50 em outubro, mas como o mercado do boi não segue regra, apenas tendências aliadas à conjuntura, devemos acompanhar o mercado para tomar as melhores decisões.
O sucesso dos resultados está na gestão da informação e dos processos de produção.
Por Eduardo Castilho
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