Segundo dados da GFK, empresa global de pesquisa que monitora o preço de 35 produtos nos principais supermercados do Brasil, a carne bovina está entre os itens que mais subiram de custo em 2015
Nos últimos 30 anos, graças às restrições de expansão de terras, a pecuária brasileira investiu em tecnologia para aumentar a produtividade. O País teve ganhos significativos. Hoje é o maior exportador e o segundo produtor no ranking mundial. Agora o foco será investir no barateamento do processo para ganhar mercado. O custo da arroba precisa diminuir até mesmo para ser compatível ao bolso do brasileiro. Segundo dados da GFK, empresa global de pesquisa que monitora o preço de 35 produtos nos principais supermercados do Brasil, a carne bovina está entre os itens que mais subiram de custo em 2015. De janeiro a abril, a variação da média nacional foi de 3,2%. Nas regiões Norte e Nordeste, 8,1%. Com a crise econômica, a demanda ficou menor que a oferta. As vendas diminuíram, a carne bovina perdeu espaço para o frango, que é mais barato, e frigoríficos fecharam as portas. No mercado externo, as notícias são boas. Em julho, o faturamento da exportação da carne bovina bateu o recorde do ano. Foram negociadas 113,5 mil toneladas (0,4% a mais que em junho) a US$ 505,8 milhões (um valor 3% maior que o do mês anterior). “A gente tem tudo para continuar ganhando mais mercado. O consumo, principalmente na Ásia, vai crescer bastante”, afirma Fernando Sampaio, diretor-executivo da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec). A China, por exemplo, deverá consumir, em 2025,10,2 milhões de toneladas de carne – 20% dos quais serão importados.
FUTURO PROMISSOR.
Para conquistar maior competitividade, será necessário investir em técnicas produtivas. A carne bovina é vista como a grande commodity da próxima década, como a soja vem sendo nos últimos anos. “O impulso mais forte do agronegócio deve ser o da pecuária”, afirmou Alexandre Mendonça de Barros, da consultoria MB Agro durante o Congresso Brasileiro do Agronegócio realizado em São Paulo no início do mês. “A carne vermelha é a nova soja: temos de investir em tecnologia para ganhar mais competitividade.” O setor cresce continuamente. De acordo com dados da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA ), as exportações cresceram 737% em 14 anos: saltaram de US$ 779 milhões, em 2000, para US$ 6,4 bilhões, em 2014. A expectativa é que o valor bruto da produção alcance R$ 93 bilhões até o fim de 2015, Estados Unidos têm quase a metade do rebanho brasileiro, mas é o maior produtor mundial de carne, com 19% do mercado 19,23% maior que o do ano passado. Com 17% da produção mundial, o País fica atrás só dos Estados Unidos, que detêm 19%. No ano passado, porém, o Brasil liderou as exportações, com 21% das vendas mundiais de carne bovina. Vende o produto in natura para 151 países e o industrializado para 103. “A pecuária durante muito tempo expandiu resultados aumentando área. Nos últimos anos, diminuiu espaço sem prejudicar produção e exportação. O rebanho dos Estados Unidos é quase a metade do nosso e eles produzem mais carne”, diz Sampaio, da Abiec. Em outras palavras, apesar dos avanços do setor, o Brasil ainda tem um índice ruim entre o tamanho do rebanho e a quantidade de carne aproveitada para venda. O tempo de engorda do boi e taxas de fertilidade são alguns dos principais fatores que prejudicam a produtividade, mas poderiam ser resolvidos com tecnologias voltadas à melhoria da genética e da nutrição. “A gente tem crédito e tecnologia, mas precisa saber como democratizar o acesso a tudo isso”, diz Sampaio. “Na nossa cadeia há produtores muito eficientes e tecnificados, mas também uma classe mé- dia rural sem acesso a crédito, que não conhece as tecnologias disponíveis a serem aplicadas no campo”.
Fonte: O Estado de São Paulo
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