O governador Silval Barbosa (PMDB) foi surpreendido nesta segunda-feira (17) com um pedido incomum, feito pelo Sindicato das indústrias Frigoríficas de Mato Grosso (Sindifrigo), para que não regulamente o projeto de Lei aprovado pelos deputados estaduais que reduziu de 7% para 4% a incidência do Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) sobre o transporte interestadual do boi em pé, sob pena de mais frigoríficos paralisarem as atividades. Hoje em Mato Grosso são 40 frigoríficos, sendo que apenas 28 estão em funcionamento e 12 estão parados. Outras 3 novas plantas estão em construção e podem também nem iniciar o funcionamento.
Na ótica dos proprietários de frigoríficos, o envio de boi em pé, ou mesmo sua remessa para outras Estados para processar a carne bovina prejudica a industrialização e todas suas etapas. A diferença entre o boi vendido em pé ou vivo, em relação aquele que teve suas carnes industrializadas é justamente a geração de mais mão-de-obra e mais renda para o setor, já que do boi quase tudo se aproveita. "Sem a industrialização da carne não se tem o couro para o curtume", explicou um dos diretores do sindicato.
Somente nos 3 primeiros meses deste ano foram exportados 42,495 milhões de quilos de carnes e derivados bovinos num total de US$ 146,827 milhões no primeiro trimestre do ano em comercialização de produtos de Mato Grosso, o que representa dizer 14,2% do total exportado pelo Brasil e 13,8% do faturamento. Segundo o presidente do Sindifrigo, Luiz Antônio Freitas, o boi em pé representa menos emprego e menos renda, pois o processamento através de plantas frigoríficas é gerador de mão-de-obra. "A geração de imposto é bem menor quando se tem a exportação do boi vivo como chamam, e se a incidência do ICMS cair o setor entrará em colapso e novas unidades poderão paralisar suas atividades, ampliando ainda mais a crise no agronegócio".
Mato Grosso foi em 2008 e 2009 o segundo maior exportador da carnes, sendo que no primeiro ano foram 185,245 milhões de quilos com valor equivalente de US$ 698 milhões. Já em 2009 esses números já retrocederam para 165,237 milhões de quilos e US$ 528 milhões, apontando para um queda que poderá refletir diretamente na arrecadação de impostos já que a pecuária é responsável pela segunda maior pauta de exportação na balança do agronegócio de Mato Grosso. O superintendente da Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), Luciano Vacari, nega que a redução na carga tributária possa causar prejuízos para os frigoríficos, lembrando que a demanda de cabeças é sempre crescente assim como o processamento da carne bovina e seus derivados. Estima-se que hoje existam cerca de 27 milhões de cabeças de gado em Mato Grosso, segundo dados do Instituto Matogrossense de Economia Agropecuária (Imea).
Autor: A Gazeta
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