quinta-feira, 9 de junho de 2011

Malásia certifica frigoríficos brasileiros para exportação

São Paulo - Enquanto o setor produtivo de carnes e o governo brasileiro se desdobram para resolver os embates comerciais e políticos com a Rússia, que pode adiar a decisão de embargar as importações de proteínas do País, definida para o dia 15 deste mês, a abertura das negociações com a Malásia já está bastante avançada. Prova disso é a aprovação sanitária e religiosa para dois frigoríficos bovinos, Marfrig de São Paulo, e Mataboi de Goiás, que devem receber a carta verde para suas negociações em julho deste ano.

Após a Rússia anunciar que a partir do dia 15 deste mês, irá barrar a entrada de carne brasileira no País, diversas lideranças do setor se reuniram com o ministro da Agricultura Wagner Rossi na última segunda-feira, para pedir atitudes em relação a retaliação. Em resposta o próprio ministro afirmou que vice-presidente da República, Michel Temer, encaminhou no dia 7 de junho uma carta ao primeiro-ministro Vladimir Putin pedindo que o cronograma estabelecido entre os dois países seja obedecido. "Parece que há um certo descompasso entre os órgãos de lá. Nosso vice-presidente pede que seja feita a suspensão do embargo temporário até que sejam esclarecidas as questões", anunciou Rossi.

Segundo fonte ligada ao setor, os dois países teriam uma reunião um dia antes da data definida para o embargo começar, onde seriam tratadas as condições para os russos entrarem na Organização Mundial do Comércio (OMC), que seria a real razão para a retaliação. Entretanto, para ganhar tempo e pressionar os russos em relação ao adiamento do embargo, integrantes do Itamaraty estavam conversando para adiar essa reunião, disse a fonte.

Na carta enviada a Putin, Temer solicitou uma reunião no começo da segunda quinzena deste mês para debater os motivos alegados para o embargo. "Nós pedimos para que o vice-presidente Michel Temer intervenha no assunto, para melhorar a hierarquia física nesse caso. Na carta que enviamos pedimos para os russos agendarem uma data na segunda quinzena deste mês. Além disso, pedimos para eles prorrogarem o prazo", contou o presidente da Associação Brasileira da Indústria Produtora e Exportadora de Carne Suína (Abipecs), Pedro de Camargo Neto.

Enquanto a situação com o maior mercado importador das carnes brasileiras não é resolvida, a Malásia já está pronta para abrir suas portas. Após uma missão ao Brasil em fevereiro, o diretor de Assuntos Sanitários e Fitossanitários do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Otávio Cançado esteve no país para dar andamento nas negociações. O resultado disso foi a habilitação de dois frigoríficos de bovinos. "Fui para a Malásia negociar a abertura do mercado para a carne bovina e de aves. Eles vieram em fevereiro para cá, e inspecionaram 22 frigoríficos, sendo vinte de aves.

Os 22 foram aprovados no ponto de vista sanitário. Entretanto somente os bovinos foram aprovados do ponto de vista do abate halal, que é uma exigência religiosa deles. Portanto, assim que recebermos o relatório final, que já saiu da analise técnica e está agora com o ministro deles, as duas plantas estarão habilitadas para negociar", afirmou.

O executivo não confirmou quais eram as plantas, entretanto, fonte ligada ao setor pecuário garantiu a planta da Mafrig, de São Paulo, e Mataboi de Goiás. "Não sabemos ainda quais são as plantas, mas no segundo semestre eles voltarão ao Brasil e podemos habilitar outros frigoríficos de carne bovina", disse.

As 20 plantas de aves não foram aprovadas em relação ao modo de abate halal instalado no País, segundo Cançado, a Malásia, possui regras mais severas em relação a isso. Muitos frigoríficos brasileiros que já adotaram o método, usam a eletricidade para abater suas aves, enquanto a Malásia pede que os frangos recebam o choque para minimizar a dor do animal, que ainda passará pela degola e pela sangria. "Os frigoríficos de aves não foram aprovados do ponto de vista halal, por uma questão muito simples: As empresas precisam se adequar à forma de abate, conforme as especificações religiosas deles, mas se os bovinos conseguem, as aves também podem fazer isso".

Segundo ele, no segundo semestre deste ano, a Malásia mandará uma missão ao Brasil, para treinar as certificadoras quanto ao método adequado para os abates. Na ocasião eles irão novamente visitar as unidades brasileiras, para somente então habilitar as plantas para exportação. "Na Malásia, que é o centro ortodoxo das questões halais, a exigência é maior. Acertei durante a visita, que os técnicos dos dois ministérios, o da agricultura deles, e o ministério da fé religiosa deles virão ao Brasil para dar um curso para as nossas certificadoras a respeito do abate halal."
FONTE:DCI

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