De acordo com o relatório da Rede Global de Informações Agrícolas (GAIN, sigla em inglês) do Serviço Agrícola Externo do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), a produção de carne bovina do Paraguai deverá se recuperar em 2012 e alcançar 520.000 toneladas, após uma redução nos abates em 2011 devido à seca de 2009/10. Os produtores estão retendo rebanho agora por causa das boas condições de pastagens e dos fortes investimentos no setor, que tem sido muito lucrativo nos últimos anos.
Um número maior de fêmeas está sendo retido para construir ou expandir novos rebanhos. Um bom status sanitário, uma forte demanda externa e uma limitada oferta de outros países que são fornecedores históricos estão fornecendo grandes oportunidades para o setor pecuário do Paraguai. O rebanho deverá continuar crescendo nos próximos anos, disponibilizando maiores quantidades de gado para abate.
Os abates de bovinos deverão ser de 2,3 milhões de cabeças em 2012, levemente maior do que nos dois anos anteriores. O serviço sanitário local publica o número de animais abatidos em plantas para exportação e em plantas menores para o mercado doméstico. Existem indicações de que há mais abatedouros não registrados em fazendas e plantas pequenas em todo o país que não contam com inspeção oficial.
Existem 10 grandes plantas locais autorizadas para exportação, com altos padrões sanitários. Essas plantas são anualmente inspecionadas por vários serviços sanitários externos que importam carne bovina do Paraguai. As quatro maiores companhias são responsáveis por 50-55% das exportações totais. A maioria dos frigoríficos é pertencente a proprietários locais, embora três deles sejam pertencentes/administrados por companhias brasileiras. Estima-se que as plantas de carne bovina estão, atualmente, operando a uma capacidade de 60-70%. Não há investimento significante anunciado, exceto para alguma expansão de plantas existentes para aumentar a capacidade de abate e armazenamento no frio.
Após vários anos de bons retornos, as companhias locais de carne bovina estão sofrendo uma crise econômica como resultado de um valor mais forte das moedas locais e dos altos preços do gado. Apesar dos preços médio de exportação recordes, os exportadores indicam que no primeiro semestre de 2011, a moeda local, o Guarani, ganhou quase 20% de valor com relação ao dólar.
Os preços locais (em termos de dólar) dos novilhos gordos estão hoje em dia entre os maiores da região, de US$ 2,20 por quilo vivo, enquanto os novilhos gordos no Brasil, Uruguai e Argentina estão aproximadamente em US$ 2,07 por quilo vivo. Há um ano, os novilhos gordos estavam a US$ 1,53 por quilo vivo e, em agosto de 2007, estava em US$ 0,98 por quilo vivo. A falta de gado gordo em 2011 e a necessidade dos frigoríficos de operar ao maior nível de capacidade possível fazem com que os preços dos gados permaneçam altos.
O forte direcionador da expansão do setor é o crescente negócio de exportação, que representa cerca de 60% da oferta local total de carne bovina. O preço médio da carne bovina de exportação do Paraguai em 2005 era de US$ 1.767 por tonelada, enquanto a média dos primeiros sete meses de 2011 foi de US$ 4.845 por tonelada.
A produção de gado alimentado com pasto, de baixo custo, os preços baratos da terra comparados com os países vizinhos, e a possibilidade de expandir para novas áreas de produção, bem como a oportunidade de melhorar significantemente a produtividade (especialmente na cria) atraem muitos investidores do Paraguai, Brasil, Uruguai e Europa. Os investimentos têm bons retornos da operação e excelentes retornos nos valores da terra e dos imóveis, que vêm aumentando firmemente nos últimos anos.
Cerca de 500.000 hectares foram convertidos de pastagem natural em pastagem sub-tropical altamente produtiva na região do Chaco (oeste) em 2010-11. Existem aproximadamente quatro milhões de hectares adicionais que podem ser melhorados com esses tipos de pastagens. Na parte oriental do país, onde a produção de cultivos agrícolas está se expandindo rapidamente, os produtores também aumentaram o número de bovinos, produzindo mais intensivamente em menos hectares.
O uso de grãos e silagem de sorgo e milho está ganhando popularidade entre os produtores maiores. Os novilhos gordos para o mercado de exportação estão tipicamente sendo comercializados com 450-470 quilos vivos, tendo ganhado os últimos 100-120 quilos nas pastagens com algum tipo de suplementação com grãos.
A produção em confinamentos como conhecida nos Estados Unidos é muito pouco vista, à medida que os custos de produção são significantemente maiores do que a produção a pasto. Uma vez que existe uma vasta terra que pode, ainda, ser colocada para a produção, o desenvolvimento de estabelecimentos de engorda será limitado. Os produtores locais indicam que a maioria de sua carne bovina é produzida com sistemas naturais.
Além de usar novas terras para a produção, os produtores paraguaios estão investindo pesado em melhores genéticas do gado (saindo do Brahman para cruzamentos como Brangus e Braford), existe um amplo uso de inseminação artificial, maquinaria e equipamentos (especialmente para alimentação do gado), cercas, estradas água, etc.
O Paraguai tem uma política de desmatamento zero na região oriental e cerca de 40% da terra precisa permanecer como reserva natural na região ocidental. Oficiais do Governo e o setor privado projetam que o rebanho bovino paraguaio quase dobrará das atuais 13 milhões de cabeças de gado para 20 milhões até cerca de 2020.
Existem aproximadamente 130.000 pecuaristas no país, dos quais 85% são produtores familiares, com uma média de 25 cabeças. Milhares de novos produtores entram no negócio a cada ano. Aproximadamente 20.000 produtores representam a essência do setor, com 2.500 deles tendo rebanhos de mais de 1.000 cabeças e sendo responsáveis por 60% do rebanho total do Paraguai. Os atuais preços das vacas de cria estão em cerca de US$ 1.000 e o gado para engorda estão sendo vendidos a cerca de US$ 2,20 por quilo vivo.
De acordo com a Organização Mundial de Saúde Animal (OIE), o status sanitário do Paraguai é de livre de febre aftosa com vacinação e o país tem um "risco insignificante" (o menor possível) para Encefalopatia Espongiforme Bovina (EEB). O Paraguai tem um programa de rastreabilidade bovina chamado SITRAP (Sistema de Rastreabilidade do Paraguai), pelo qual aproximadamente 750 produtores, sendo responsáveis por mais de 2,2 milhões de cabeças de gado, certificam o processo de produção na fazenda.
Esse programa é requerido para exportação de carne bovina para a União Europeia (UE). O serviço de saúde animal do Paraguai continua trabalhando com o USDA para poder exportar carne bovina fresca e processada a esse mercado. Os exportadores locais acreditam que os Estados Unidos seriam um mercado interessante, especialmente para carne bovina fresca, e a permissão para exportar aos Estados Unidos também facilitaria a abertura de outros mercados. Antes do final desse ano, o Paraguai inaugurará seu primeiro laboratório de biosegurança pelo qual permitirá a detecção e rápida resposta a qualquer potencial epidemia de doença.
A produção de carne de frango do Paraguai está se expandindo de forma significante, à medida que o consumo cresce rapidamente. A produção de carne suína também está crescendo, mas o volume ainda é muito pequeno. O Paraguai é um importante exportador de milho e soja e tem o potencial para suprir a crescente demanda de alimentos animais do setor pecuário local.
Existem indicações de que o Governo não tem uma política específica para o setor de bovinos/carne bovina. Sabendo de sua importância, sendo esse o segundo produto de maior exportação, do país, o Governo apóia o setor através de um serviço sanitário sólido e permitindo que esse opere em um ambiente livre.
Consumo
Apesar dos preços maiores da carne bovina de exportação, o consumo doméstico de carne bovina deverá continuar aumentando em 2012, à medida que mais pessoas projetam um contínuo crescimento da economia local. À medida que a produção local de carne bovina é principalmente induzida pelas exportações, a maior produção esperada e as maiores oportunidades de exportação deverão disponibilizar mais produtos para o mercado local.
Os cortes mais demandados são costelas e vazio, tipicamente demandados para churrascos de finais de semana. Também em grande demanda estão os cortes de dianteiro e ossos com carne de processos de desossa das plantas de exportação. A estimativa de consumo per capita de carne bovina em 2010 foi de 30-32 quilos.
Os criadores de Brangus recentemente fizeram um acordo com os frigoríficos locais e uma das maiores redes locais de supermercado para comercializar carne bovina com marca premium. Apesar de o volume inicial ser pequeno, eles esperam que cresça em um futuro próximo.
O consumo de carne de frango tem crescido significantemente nos últimos anos, alcançando 13 quilos per capita. Isso é resultado dos preços da carne bovina que têm aumentado significantemente e das mudanças nos hábitos de consumo. Desde o começo de 2004, a inflação aumentou em 64%, os preços do frango aumentaram em 67% e os preços da carne bovina aumentaram em 145%.
Os altos preços da carne bovina são principalmente explicados pelos maiores preços da carne de exportação. Os preços domésticos caíram nos últimos meses em parte porque a demanda no Chile, um dos principais mercados do Paraguai, enfraqueceu.
Exportações
As exportações de carne bovina do Paraguai em 2012 deverão ser de 300.000 toneladas, mostrando uma recuperação com relação a 2010, à medida que os exportadores esperam uma maior produção de carne bovina e uma maior demanda externa. O Paraguai ficou em 13º lugar entre os maiores exportadores mundiais de carne bovina em 2010, com 296.000 toneladas (peso carcaça equivalente) e US$ 880 milhões. O Paraguai tem mais de 70 mercados abertos e está trabalhando na abertura de mais mercados.
Os principais mercados para 2012 deverão ser Chile para carne bovina resfriada e Rússia para carne congelada. Juntos, eles representam aproximadamente 70-75% das exportações de carne bovina paraguaia. O Chile tipicamente compra a carcaça inteira em cortes sem osso. Ultimamente, a carne paraguaia está enfrentando uma competição maior de outros fornecedores. As exportações à Rússia são principalmente de cortes de dianteiro. Em agosto de 2011, autoridades russas proibiram alguns envios de duas plantas do Paraguai por causa da E.coli, tirando essas plantas da lista até um próximo aviso.
O mercado da Venezuela cresceu em importância nos últimos anos. As exportações podem ser feitas através de compras do Governo ou privadas e os cortes podem variar com os envios. Israel também deverá continuar sendo um importante mercado para os cortes dianteiros sem osso. A União Européia (UE) representa um pequeno volume de exportação, mas a altos preços. O Paraguai espera cumprir com sua cota Hilton de 1.000 toneladas, principalmente de picanha e contra-filé. A UE também comprará um volume similar de carne fresca fora da cota.
As informações são do USDA, traduzidas e adaptadas pela Equipe BeefPoint.
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