quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Sobre pecuaristas e frigoríficos !!!

Há tempos que penso a forma ideal de expressar minhas percepções sobre a relação pecuarista e frigorífico. Conheço muitos frigoríficos e milhares de pecuaristas. Já ouvi todo o tipo de argumento de ambos os lados. E de uma maneira em geral o que se conclui é que pensam de maneira não-coletiva e pouco sinérgica.

O pecuarista pressiona por ser o detentor da matéria prima; acredita – equivocadamente – que sozinho “ele tem a força”. O frigorífico usa seu poder de barganha por ser o elo que “transforma boi em carne”.

Sem querer medir que tem mais força (até mesmo por que estaria estabelecendo uma relação de competição) digo que aqueles que pensam simplesmente assim, estão ultrapassados.

Historicamente, pecuaristas e frigoríficos sempre sentaram em lados opostos da mesa. Salvo algumas exceções, onde exista algum tipo de aproximação, esses dois fundamentais elos da cadeia da carne bovina se veem como competidores, concorrentes... quase inimigos. Estão errados! Enquanto não somarem seus esforços e estrategicamente desenvolverem o “negócio carne”, ambos estarão fortalecendo os seus verdadeiros concorrentes.

Alguns apontamentos que gostaria de registrar, com vistas a uma relação mais harmoniosa.

Os pecuaristas reclamam dos baixos rendimentos, “desconfiam” da balança e do toalete da indústria. Historicamente, são eternos inconformados com os valores finais que recebem pelo seu boi.

Os frigoríficos apontam a oscilação da oferta de gado gordo e a insuficiente qualidade do boi como as principais dificuldades da adequada atividade industrial.
Eu acredito nos dois! Penso que os dois estão “parcialmente certos”.

Embora a qualidade do boi abatido no Brasil tenha melhorado muito nos últimos anos, ainda resta um aperfeiçoamento dos sistemas produtivos principalmente no que diz respeito ao tipo animal, padronização de lotes, grau de acabamento, constância na oferta, boas práticas de manejo e bem-estar animal.

Da mesma forma, para a indústria fica o desafio de aprimorar seu relacionamento com o produtor. Mesmo sob relutância é necessário dizer que ainda falta transparência por parte de alguns frigoríficos. Nada mais justo e correto que o produtor conhecer todas as regras do jogo antes de entrar nele. Desde a cotação diária (passando por prazos e condições de pagamento) até o abate e o processamento industrial, tudo deve ser previamente esclarecido. Com uma visão gerencial do negócio, destaco que tudo deve ser “auditável”. O produtor deveria ter a capacidade plena de conferir resultados e informações a fim de dirimir suas dúvidas e desconfianças. De ambas as partes, essa evolução pode contribuir com essa necessária relação.

Salvo algumas iniciativas pontuais, onde grupos de produtores reunidos ao redor de um conceito produtivo ou de uma raça bovina estabeleceram alianças e contratos com grupos frigoríficos, é fundamental que se construa uma relação profissional entre esses dois atores da cadeia.

Equilíbrio, relação de confiança, sinergia de ações e interesses parecem ser as questões principais a serem observadas por aqueles que fazem a pecuária nacional. O fortalecimento dessas relações permitirá o fortalecimento do setor produtivo como um todo. É chegada a hora de transformar essa união – pouco – em muito amistosa.

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